O colapso do solo em Maceió: Braskem é a culpada

Do Metrópoles com agências

A iminência do colapso de uma mina subterrânea chamou a atenção para o bairro de Mutange, em Maceió (AL), nesta semana. A Defesa Civil do município alerta para a possibilidade de formação de um sinkhole, um tipo de cratera decorrente do afundamento da superfície. O caso da capital alagoana, por se relacionar à mineração em área urbana, é considerado raro.

O alerta máximo é para a mina 18, na região do antigo campo do Centro Sportivo Alagoano (CSA). Tendo em vista o significativo deslocamento do solo, o órgão não descarta a formação de uma cratera no local.

Embora raro, o Brasil tem casos semelhantes, também causados pela intervenção humana relacionada à exploração de recursos naturais.

Em Vazante (MG), há registros de diversos afundamentos pela cidade decorrentes da mineração de zinco. Outra situação aconteceu em Cajamar (SP), em 1986. Na ocasião, devido à retirada excessiva de água em uma caverna subterrânea, houve um desabamento no centro da cidade.

as o problema não é exclusivo do Brasil. Na Índia, por exemplo, há casos de crateras relacionadas à exploração de carvão mineral. Em agosto de 2022, uma mina desativada na cidade de Chandrapur desabou, formando uma cratera de 21 metros de profundidade em meio a diversas casas. A informação foi publicada pelo portal Times of India.

A velocidade de afundamento da área ao redor de mina de sal-gema em Maceió, Alagoas, reduziu de 2,6cm para 1cm por hora. A informação foi atualizada pela Defesa Civil na noite desta sexta-feira (1º/12).

O problema em torno do afundamento na região onde ficam as 35 minas de sal-gema da Braskem veio à tona em março de 2018, quando um forte tremor atingiu a área. O risco iminente de formação de crateras levou à saída emergencial de cerca de 55 mil pessoas da área. O problema foi constatado por diversos órgãos.

O agravamento da crise causada pelo afundamento do solo em Maceió (AL), onde há risco iminente de colapso de uma mina, esquentou o debate sobre a responsabilização da petroquímica Braskem e pela busca de soluções definitivas e justas para as dezenas de milhares de pessoas afetadas pela tragédia.

A mineração urbana de sal-gema desde os anos 1970 trouxe consequências para moradores de pelo menos cinco bairros da capital alagoana e transformaram uma porção dela em cidade-fantasma desde 2018, quando tremores de terra, rachaduras e buracos que apareciam “do nada” tornaram evidente que havia algo muito errado.

O fenômeno, pelo qual a Braskem inicialmente negou responsabilidade, foi confirmado por estudos e perícias desde então, mas o solo continua cedendo na cidade e afetando cada vez mais pessoas.

A situação em andamento motiva o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), a criticarem e questionarem o acordo já assinado pela Braskem e que está ajudando a indenizar os moradores retirados dos bairros afetados e a reconstruir a infraestrutura urbana perdida.

“A empresa fez acordo com a Prefeitura de Maceió e com o Ministério Público e excluiu as vítimas, excluiu o estado, e resolveu só uma parte desse imenso problema com esse acordo de R$ 1,7 bilhão”, criticou Renan.

O parlamentar, que é adversário político do prefeito de Maceió, JHC (PL), cobra do poder público municipal uma resposta para a população que vive nas bordas da área afetada, que segue crescendo.


O senador Renan Calheiros está em campanha pela instalação de uma CPI no Senado para investigar a tragédia e o papel da Braskem. A comissão foi aprovada, mas faltou vontade política para tirá-la do papel, pois o MDB foi o único partido a indicar membros ao colegiado.

“Com o agravamento da crise, chamou-se a atenção do Brasil e do mundo para essa tragédia em andamento, e isso pode ajudar na indicação dos participantes”, aposta Renan, que disse que vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) ao fim da próxima semana se os partidos ainda resistirem a indicar seus membros.

“O Supremo tem uma jurisprudência neste sentido, de autorizar o presidente do Senado a indicar os membros se os partidos não o fizerem”, diz ele, lembrando que foi o que aconteceu na CPMI da Covid 19, no governo de Jair Bolsonaro (PL).

A Braskem tem de ser responsabilizada”, cobrou Renan.

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