Queimadas avançaram no país 6% em 11 meses do ano passado, o equivalente a um Uruguai inteiro em termos territoriais

O país registrou alta de 6% nas queimadas, o equivalente a 17,3 milhões de hectares, entre janeiro e dezembro do ano anterior, quando 16,3 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo. Os dados são da plataforma Monitor do Fogo do MapBiomas e foram divulgados nesta quinta-feira.

Segundo o balanço, a área atingida no ano passado foi de aproximadamente 2% do território brasileiro. O índice de hectares perdidos em 2023 supera o tamanho de estados como o Ceará e o Acre. Em comparação, é como se, em um único ano, toda a extensão do Uruguai tivesse sido destruída pelas chamas.

Os dados do MapBiomas indicam que o Brasil registrou um pico nas queimadas entre setembro e outubro do ano passado, quando 4 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo a cada mês. Apenas em dezembro foram 1,6 milhão de hectares foram queimados no país, maior extensão destruída no mês desde 2019.

Os dados do MapBiomas mostram que a Amazônia foi o bioma mais afetado pelo fogo em dezembro, com 1,3 milhão de hectares queimados, aumento de 463% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, explica que o El Niño desempenhou um papel crucial no aumento dos incêndios no bioma.

— O fenômeno climático elevou as temperaturas e deixou a região mais seca, criando condições favoráveis à propagação das queimadas. Se não fosse a redução de mais de 50% no desmatamento (dado divulgado pelo Inpe na primeira semana de janeiro), diminuindo uma das principais fontes de ignição, com certeza teríamos uma área bem maior afetada por incêndios na região — afirma a pesquisadora.

O Pará foi o estado mais afetado pelo fogo no último mês do ano — foram 658,4 mil hectares consumidos pelas queimadas. Isso representa aumento de 572% na área queimada ante dezembro anterior.

Oficializado como sede da COP30, o estado enfrenta desafios ambientais como as altas taxas de queimadas e fraudes no registro de terras. A decisão da cúpula climática coloca Belém como palco de encontro de líderes mundiais, em novembro de 2025, para discussões sobre meio ambiente e estratégias globais para combater os efeitos do aquecimento global.

O governador Helder Barbalho afirmou recentemente que o evento mundial representa uma oportunidade de transformação para a história do estado — que nas últimas décadas representou o maior obstáculo para a imagem sustentável do Brasil.

Conhecido como detentor de uma das maiores extensões alagadas contínuas do planeta, o Pantanal ocupa a segunda colocação entre os territórios mais afetados pelas queimadas no último mês do ano, seguido do Cerrado. A área atingida pelo fogo em 2023 equivale ao triplo do que foi registrado em 2022.

— O fogo, que invadiu áreas do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (MS) e do Parque Estadual Encontro das Águas (MT), foi potencializado pela estiagem no fim do ano, principalmente no mês de novembro, que concentrou 60% de toda a área queimada no bioma Pantanal — explica Eduardo Rosa da equipe do Pantanal do MapBiomas.

Com informações de O Globo.

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