Petróleo registra ganho semanal após aumento de ataques a navios no mar Vermelho, diz mídia: comprovação de Kondratieff: Por Claudio Tognolli

O Sputnik informa que transportadores evitam rota do mar Vermelho enquanto EUA derrubam onda de drones e petróleo registra ganho após sete semanas de quedas.

Segundo a Bloomberg, o petróleo bruto registrou alta após o primeiro ganho semanal desde o final de outubro, quando as principais companhias marítimas suspenderam o trânsito através do mar Vermelho, destacando o risco para a artéria vital para o comércio internacional do combustível.

A referência global Brent foi negociada perto de US$ 77 (R$ 380,50) por barril, depois de ganhar 0,9% na semana passada, quebrando uma sequência de sete semanas de quedas. A autoridade do canal de Suez do Egito disse que está “acompanhando de perto” as tensões no mar Vermelho depois que os EUA disseram ter abatido 14 drones lançados de áreas do Iêmen controladas pelos houthis.

As principais transportadoras na região — MSC Mediterranean Shipping e CMA CGM SA — foram as últimas a anunciar no fim de semana (17) que não vão enviar seus navios através do ponto de estrangulamento diante das ameaças crescentes, enquanto a Maersk Tankers disse que insistiria que seus navios tivessem a opção de evitar a rota. Os militantes houthis têm atacado cada vez mais navios mercantes no mar Vermelho — especialmente navios que afirmam estar ligados a Israel — em resposta à guerra em Gaza.

O chefe de pesquisa de commodities e carbono do Westpac Banking afirmou à mídia que “o foco principal continua sendo a oferta, com a produção de petróleo dos EUA atingindo novos recordes no final do ano”, mas afirmou ainda que é incerto dizer se a tensão regional vai influenciar os preços do petróleo.

O petróleo bruto perdeu cerca de um quinto desde o máximo registrado no final de setembro e caiu 10% no ano, uma vez que a oferta de xisto nos EUA superou as expectativas dos analistas e no meio do cepticismo sobre se todos os membros da OPEP+ vão cumprir as promessas de reduzir a produção. Mesmo sem tanto otimismo, os analistas de Wall Street veem alguma margem para a recuperação dos preços no próximo ano.

O grupo Goldman Sachs reduziu sua faixa de previsão para o Brent em 2024 em US$ 10 (R$ 49,43), para US$ 70-US$ 90 (R$ 346,00-R$ 444,86) por barril, em um relatório datado de 17 de dezembro, para 0,9 milhão de barris por dia (mb/d), de 0,5 mb/d.

Lembrando…

Numa sexta-feira (20/3), há 20 anos, dia dos maiores ataques da semana contra Bagdá, pipocaram na mídia as notícias do bom andamento da economia. A agência Reuters, de Nova York, anunciava, por exemplo, que as bolsas dos Estados Unidos tiveram alta…

“…impulsionadas pelos fortes ataques norte-americanos no Iraque e por rumores de que Saddam Hussein estaria morto. Em Wall Street, o mercado registrou a maior alta semanal desde outubro de 1982, após oito semanas consecutivas de ganhos”.

Dizia a agência que o índice Dow Jones, que representa as ações mais líquidas de Wall Street…

“…avançou 8,36%, o melhor ganho semanal desde outubro de 1982. O indicador subiu pela oitava sessão consecutiva, a mais longa série de ganhos desde dezembro de 1998. O índice já subiu 13% desde que o rali começou na semana passada. Neste pregão, o Dow Jones avançou 2,84%, para 8.522 pontos, enquanto o termômetro do setor de tecnologia Nasdaq subiu 1,32%, para 1.421 pontos”.

A mesma Reuters informava, ainda na sexta, que a…
“…Bolsa de Valores de São Paulo voltou a fechar em alta nesta sexta-feira, impulsionada pelos pesados ataques a Bagdá, que sugerem uma solução rápida para o impasse no Oriente Médio. No mês, os ganhos já superam 10% e, no ano, a bolsa paulista entrou no azul”.
Pela Reuters, o Ibovespa avançou 1,96%, para 11.377 pontos, maior patamar em dois meses, quando atingiu 11.434 pontos e o volume financeiro negociado foi de 617,5 milhões de reais ? e, como nas últimas quatro sessões, ultrapassou as médias diárias de janeiro e fevereiro.E assim prossegue:
“O dólar também refletiu o otimismo do mercado em relação ao avanço das tropas norte-americanas e britânicas no Iraque. Fechou em queda de 2%, vendido a 3,405 reais, seu menor nível desde 17 de janeiro. O C-Bond, principal papel da dívida brasileira no exterior, operava em alta de 1,78%, para 78,625% do valor de face. As bolsas internacionais também tiveram forte alta. O Dow Jones disparou 2,84% ? seu oitavo pregão consecutivo de alta ? e o índice tecnológico Nasdaq subiu 1,31%”.

Ciclos

Quando do desembarque aliado no Norte da África, em 1942, e quando da derrota nazista em Stalingrado, em 1943, os EUA tiveram a produção industrial a crescer em 60%. O PIB do país cresceu também em 90%. O desemprego caiu para 500 mil pessoas. Em 1946, pós-détente, a produção industrial dos EUA caiu em 30%. O desemprego subiu para 2,7 milhões e apontava para 8 milhões com o desmanche das forças armadas. Quem diz é Gabriel Kolko ( The Politics of Ward, Random House, Nova York, 1976).

Mas a análise vai além disso. Vejamos a obra Le bonheur economique, de Francois-Xavier Chevallier (Albin Michel, 1998, Paris). Ele nos conta coisas nada animadoras, com base nas teorias dos ” Ciclos” do economista russo Kondratieff. Para o economista, avanço tecnológico e redução de tempo de produção resultam em guerras para lastrear a produção encalhada pela redução de seu tempo de produção. A Revolução Industrial teria gerado, a partir de 1783, e seguindo o economista, o crack na Bolsa de Londres e a Revolução de 1830. A introdução da química do ferro, a partir de 1837, gerou, nessa teoria, a Revolução de 1848, a Guerra de Secessão nos EUA, o crack de Viena, a Independência do Brasil. A química pesada, no início do século, teria gerado a Primeira Guerra Mundial, o crack de 1929 em Nova York e a Revolução de 1930, no Brasil. O fordismo e taylorismo, a Segunda Guerra Mundial. A crise do petróleo, em 1973, teria potencializado a Guerra do Vietnã.
Ainda nessa ótica, a tecnologia informática e a bioquímica teriam gerado o fim da URSS, as guerras localizadas, como o Kosovo, e o crack das economias do Terceiro Mundo. E sobretudo: a guerra que vemos hoje.Mudança de comportamento

Se crermos nesses ciclos Kondratieff (curtos, a cada 30 anos, longos, a cada 50 ou 70 anos), uma razão insuspeitada e não declarada, tanto pelos líderes como pela mídia, estaria por detrás da guerra contra o terror: o desencalhe da produção…

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