Santander prega cautela para indústria de aves e lista 3 motivos para não comprar BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3) agora

Money Times

Santander, após videoconferência realizada com o CEO da Vibra Agroindustrial, James Cleary, reforçou uma visão mais cautelosa para a indústria avícola brasileira (BRF e Seara, da JBS), em função do (i) excesso de oferta global e interna, (ii) possíveis margens Ebitda negativas para o 1T23 da indústria (que devem apresentar melhora gradual das margens ao longo do ano) e (iii) potencial suspensão de exportações pela China.

De acordo com o banco, apesar dos esforços da BRF (BRFS3) para melhorar sua eficiência e entregar melhorias estruturais, o cenário fraco para as margens do setor com visibilidade relativamente limitada para melhoria de spreads reforça a recomendação neutra para empresa, com preço-alvo de R$ 9. Para JBS (JBSS3), a recomendação também é neutra, com preço-alvo de R$ 22,50.

Excesso de oferta global

O mercado global de aves segue com excesso de oferta, impulsionado pelo aumento da produção no Brasil, já que os produtores elevaram a produção há alguns meses, acima dos níveis de oferta.

Na avaliação do Santander, os produtores locais de aves “inundaram” (BRF incluso) o mercado de aves, o que comprimiu as margens, ao mesmo tempo que impulsiona as exportações e evita um aumento mais significativo nos preços globais de aves.

De acordo com Cleary, que participou da videoconferência do Santander sobre o tema, a indústria avícola deve apresentar margem Ebitda negativa no 1T23, dados os preços fracos pelo excesso de oferta.

No entanto, Cleary acredita que o cenário está melhorando, com os resultados do 2T23 apontando para uma melhora sequencial nas margens do setor, enquanto o 2S23 pode ser um período de normalização das margens.

A postura mais otimista do CEO da Vibra para os próximos trimestres é impulsionada pela queda nos custos dos grãos e uma melhora marginal nos preços das aves para permitir a recuperação das margens.

Gripe aviária 

Na visão do CEO, a suspensão temporária das exportações de frango do Brasil pode ser o maior efeito negativo de uma propagação de casos de gripe aviária.

Apesar dos altos níveis de biossegurança no Brasil e dos esforços do setor para prevenir um surto de gripe aviária no país, ele acredita que China, África, Emirados Árabes Unidos e Japão podem suspender temporariamente as importações do Brasil caso a doença atinja granjas industriais.

Nesse contexto, caso ocorra um cenário de 30 dias de suspensão, assim como aconteceu recentemente para carne bovina brasileira exportada para China, Cleary acredita que deve haver um cenário de excesso de oferta doméstica, já que os volumes normalmente exportados seriam destinados ao mercado interno.

Na sua avaliação, considerando a situação financeira frágil da indústria brasileira, uma suspensão temporária para as exportações poderia levar a uma maior deterioração financeira na indústria e, potencialmente, permitir oportunidades para fusões e aquisições.

Porém, no curto prazo, Cleary acredita que a China pode conceder novas licenças de exportação para as plantas avícolas do Brasil. Na visão do Santander, a demanda deve seguir firme na Coreia do Sul, enquanto o México pode aumentar suas importações.

Na Europa, apesar da melhora na demanda, o CEO não enxerga licenças adicionais para novas plantas brasileiras, mas acredita que o Reino Unido pode ser mais flexível com o licenciamento daqui para frente. 

Quanto a novos mercados, Cleary diz que a Malásia é uma meta, mas acredita que um acordo comercial seria fechado apenas se o país contasse com uma maior demanda pela proteína.

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