Recomprador de Rolex, Wassef fez fortuna de R$ 9 milhões só com a JBS

Advogado de Bolsonaro admitiu ter pago US$49 mil na recompra de relógio, mas isenta ex-presidente

16/08/2023 11:00 | Atualizado 16/08/2023 14:41

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Advogado Frederick Wassef. Foto: Reprodução/TV Globo

Davi Soares

Davi Soares

O advogado Frederick Wassef admitiu, ontem (16), ter pago US$ 49 mil em dinheiro vivo para financiar a recompra do relógio Rolex que teria sido presenteado ao governo brasileiro e vendido ilegalmente nos Estados Unidos. O montante, equivalente a R$ 257,5 mil  na cotação de março, volta a evidenciar a riqueza do advogado que admitiu a operação para agradar seu cliente e amigo, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Mas é uma pequena parte da fortuna acumulada por Wassef, que recebeu R$ 9 milhões somente da empresa JBS, entre 2015 e 2020.

Wassef ressaltou que o dinheiro que usou seria lícito e declarado à Receita Federal, na coletiva que convocou para dar sua versão para a investigação sobre suspeitas de crimes como lavagem de dinheiro e peculato na comercialização de presentes destinados ao governo no mandato de Bolsonaro,

Mas, em agosto de 2020, um documento da inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), chamou a atenção do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por alertar para o pagamento milionário feito para Wassef pela empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

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À época, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) iniciaram apurações para averiguar se o repasse dos R$ 9 milhões para Wassef teria relação com suspeitas de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da JBS, que foram alvos da Operação Lava Jato e viraram delatores, em 2017.

O documento foi revelado inicialmente pela revista Crusoé, ao divulgar detalhes da investigação do MPRJ sobre a relação de Wassef com Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e amigo do ex-presidente. Queiroz foi preso em um imóvel de Wassef, em Atibaia (SP), em junho de 2020.

Há um mês, a Justiça do Rio arquivou processo da Lava Jato que acusava Wassef de atuar em desvios de R$ 4,6 milhões do Sistema S do Rio, investigado pela Operação E$quema S, deflagrada em setembro de 2020.

Diário do Poder enviou perguntas à assessoria de comunicação da PGR sobre eventuais desdobramentos jurídicos da investigação sobre o repasse de R$ 9 milhões da JBS para o advogado Frederick Wassef. Mas obteve como resposta que o procedimento está sob sigilo, portanto não haveria como acessar nenhuma informação.

A reportagem não obteve resposta à tentativa de contato com Wassef.

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