Pacote fiscal de Milei prevê corte de gastos, alta de impostos, privatizações e planos de saúde com preços liberados

Um pacote fiscal com 14 medidas para tentar recuperar a economia argentina será anunciado na segunda-feira (11) pelo novo governo de Javier Milei, que assume o poder no domingo (10). Segundo o jornal El Clarín, o plano prevê corte de gastos, aumento de impostos para importação, desvalorização do peso e privatizações.

As medidas dependem de aprovação do Congresso. O futuro gabinete de Milei se reunirá no sábado (9) para definir os detalhes do programa, que tem como meta atingir déficit zero em 2024. Nesta sexta-feira (8) é feriado na Argentina.

As principais medidas em gestação são as seguintes, segundo o Clarín:

Proibição ao Banco Central da Argentina de emitir moeda para financiar o Tesouro.

Retirada gradual dos subsídios às tarifas entre janeiro e abril.

Não haverá obras públicas, exceto aquelas com financiamento externo.

Aumento de imposto sobre importações.

Prorrogação do Orçamento de 2023 para congelar os gastos.

Liberação de preços de combustíveis e planos de saúde.

Suspensão de contribuições não reembolsáveis aos estados.

Congelamento de benefícios orçamentários para empresas privadas.

Os repasses para as universidades serão apenas pelos montantes e valores de 2023.

Salários públicos ajustados à nova pauta orçamentária congelada.

Transferência da dívida das Leliqs (títulos emitidos pelo BC argentino) para o Tesouro Nacional

As empresas públicas se tornarão sociedades anônimas para facilitar sua venda.

Desvalorização do peso e fixação do dólar comercial em cerca de 600 pesos. Mas a taxa de câmbio oficial teria um acréscimo adicional de 30% do imposto PAIS (sigla para Por uma Argentina Inclusiva e Solidária). O novo valor – se o imposto for aplicado – ficaria em torno de 700 a 800 pesos. Esse ponto ainda pode ser ajustado.

A Argentina enfrenta uma forte crise econômica, com inflação acima de 130% em 12 meses, escassez de dólares e contas públicas desequilibradas. Segundo previsão orçamentária para o ano que vem, o déficit fiscal está em 3,4% do Produto Interno Bruto (soma de todos os bens e serviços produzidos).

O Clarín relata bastidores de uma reunião que ocorreu nesta semana entre integrantes do futuro governo, incluindo Luis Caputo, o novo ministro da Economia argentina. Nesse encontro, Caputo disse que será implementado “um plano fiscal brutalmente ortodoxo”.

– As pessoas votaram e validaram o ajuste. E é isso que vamos fazer (….) Vamos zerar o déficit (no ano que vem). A âncora do programa é fiscal – afirmou, segundo o jornal argentino.

De acordo com um dos interlocutores que estavam presentes na reunião, o pacote vai implicar um corte de 5,5% do PIB, que seria um ajuste de US$ 25 bilhões. Em entrevista a jornais argentinos logo após sua eleição, Milei chegou a falar em ajuste de 15% do PIB.

O plano já conta com a aprovação do futuro presidente. Outras medidas que precisam de aval no Congresso, como mudanças na aposentadoria, também estão sendo discutidas.

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