O Ministério da Justiça constatou que há convocações nas redes sociais para atos em diversas cidades do país no dia 8 de janeiro de 2024, mas, por enquanto, sem grandes adesões. De acordo com o secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, o que foi encontrado não causa preocupação, mas o governo manterá o monitoramento para evitar surpresas.
A data se tornou emblemática pelos ataques de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) aos prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro deste ano.
A maior preocupação está voltada para Brasília, que sediará no dia 8 um evento institucional entre chefes de Poderes e governadores no Senado, para marcar a data.
– Há sinais detectados que estão chamando [atos], mesmo depois de toda a gravidade do que aconteceu e da consequência, com a prisão de pessoas. Ainda assim você tem indicativos abertos chamando para manifestações em todos os estados – disse Alencar.
O monitoramento das redes está sendo feito pela área de cyberlab do Ministério da Justiça. Segundo o levantamento, não há sinais de movimentos de fôlego que estejam arregimentando pessoas.
– Não tem nenhum sinal objetivo de que há algo consistente que ocorrerá no dia 8 de janeiro. Mas nós não podemos nos fiar nisso. Eu acho que todos aprendemos que qualquer cautela não é excessiva, é sempre adequada – diz.
Segundo Alencar, há no DF questões “pontuais”.
– Tem uma manifestação no Instagram, numa rede social, mas assim, nada que você detecte que é algo que tenha uma organicidade maior – afirma. – Mas volto a dizer, a gente não pode dizer que isso não esteja acontecendo, que não está sendo, que habitualmente pode não estar sendo detectado – pondera.
O secretário de Segurança do Distrito Federal, Sandro Avelar, afirma que embora não haja “grandes movimentos programados”, desde já está tomada a decisão de reforçar o policiamento.
Por ora, ele diz, o plano prevê “policiamento em grande número à disposição, para ser utilizado conforme a necessidade”.
– Cuidados das polícias legislativas com as respectivas Casas, até porque haverá o evento no Senado Federal; além efetivo do Exército para a segurança do Planalto, caso haja demanda – enumera.
Se for necessário, ele diz, haverá o fechamento da Esplanada dos Ministérios.
– Estamos monitorando as redes, não há, por enquanto, indicativos de manifestações com grande volume de pessoas. De qualquer sorte, estamos nos antecipando, envolvendo as corporações do DF e as federais, com troca de informações de inteligência e planejamento operacional conjunto – completa.
Na terça-feira (26), o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, realizou uma reunião com os responsáveis pela segurança de todos os Poderes para debater o planejamento do evento previsto para 8 de janeiro. Na ocasião, Cappelli reforçou que ainda não há movimentações que causem alarme.
– O que a gente tem monitorado é ameaça, ataques a instituições democráticas e as instituições, mas até agora não há nada que preocupe – disse.
Participaram da reunião representantes da PRF, da Polícia Federal, da Força Nacional, da Secretaria de Segurança Pública do DF, do Senado, da Câmara dos Deputados, do Supremo e do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Uma nova reunião deve ocorrer no próximo dia 4 de janeiro, quando será finalizado o plano de segurança.
Como mostrou a Folha, Lula está muito engajado no evento e convidou os ministros do STF, que agora adaptam suas agendas para estar em Brasília em 8 de janeiro. A organização está a cargo de Flávio Dino, que permanece ministro da Justiça do governo até essa data — em fevereiro, ele deve ser empossado na corte.
– Nós teremos um ato histórico no dia 8 de janeiro, uma iniciativa do presidente Lula (PT), que foi abraçada pelos chefes de todos os Poderes, um ato de celebração democrática com todas as autoridades do Brasil – afirmou Cappelli.
Com informações da Folha de S. Paulo.