Mais um caso de racismo e xenofobia em Portugal: dois brasileiros negros agredidos por grupo de jovens no Porto

Brasileiros sofreram mais um caso de preconceito racial em Portugal. Dessa vez, dois brasileiros negros foram agredidos por um grupo de cerca de dez jovens na madrugada de sábado (30), no Porto, em Portugal. As vítimas suspeitam de racismo e xenofobia.

O produtor cultural e aluno de doutorado Bruno César Marcelino, de 31 anos, que mora na cidade Portugal há dois meses, e o cozinheiro Kaique Soares, 23 anos, foram a uma festa no Cais de Gaia, uma região boêmia da cidade. Por volta das 3 da manhã, ao saíram do local, de depararam com um grupo de agressores adolescentes e jovens portugueses entre 15 e 25 anos que estavam bêbados e, de acordo com as vítimas, possivelmente sob efeito de drogas. Segundo eles, o grupo era formado por cerca de dez jovens com sotaque português, a maioria brancos, incluindo apenas uma mulher, e estavam cercados por latas e garrafas.

O grupo pediu 10 euros (R$ 53) aos brasileiros, que negaram o dinheiro. Assim que ouviram a resposta, um dos jovens deu um soco na cara de Bruno.

– Pedir dinheiro era só um motivo para irem para cima. Um soco na cara. A gente tentou fugir, sair correndo. Aí, eles me puxaram pela minha touca. Nessa, eu caí. Quando caí, começaram a dar socos e chutes na minha cabeça – contou Bruno Marcelino, produtor cultural.

Kaique voltou para ajudar Marcelino, mas foi cercado por três agressores e começou a tomar socos também. Um dos jovens pediu para parar a violência contra os brasileiros. “Foi o tempo de a gente se levantar e sair correndo de novo”, contou Bruno ao UOL neste domingo (31). “Mas eles vieram atrás da gente de novo. Consegui me distanciar deles. A gente ficou a uns dois quarteirões de distância deles”.

O grupo pensou que os brasileiros tinham ido embora e parou a perseguição. Enquanto isso, a dois quarteirões de distância.

Quando a polícia portuguesa chegou, os agentes não abordaram os jovens agressores a tempo. Segundo o produtor cultural, isso permitiu que parte dos agressores fosse embora.

– Eles começaram a dizer: ‘Mas como a gente vai saber se são eles realmente?’. Eles começaram a duvidar da gente, dando oportunidade para eles irem embora. Quando os agressores começaram a ir embora, eu gritei: ‘Vocês vão deixar realmente, na minha frente, os agressores irem embora?’ Uma má vontade mesmo.” – disse Marcelino. – Depois da insistência, os policiais abordaram os jovens que sobraram do grupo. Mas não se sabe que providências tomaram.

Por volta das 4h30 da manhã, Marcelino e Kaique foram levados de ambulância até o pronto-socorro do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia-Espinho. Eles só tiveram alta por volta 11h, de acordo com declaração do hospital.

Marcelino afirmou que eles não ficaram com registros da queixa à polícia. Eles vão procurar as autoridades para saber que medidas foram tomadas. O produtor ainda não acionou advogados.

– Acreditamos que tudo foi motivado por xenofobia, homofobia e racismo, que está cada vez mais evidente aqui em Portugal –  afirmou Marcelino em uma rede social.

Com informações do UOL.

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