JBS (JBSS3) reverte lucro bilionário e tem prejuízo líquido de R$ 1,45 bilhão no 1º tri

Infomoney

A JBS (JBSS3) reportou nesta quinta-feira (11) prejuízo líquido de R$ 1,45 bilhão no primeiro trimestre de 2023, revertendo lucro de R$ 5,14 bilhões de igual período de 2022. O resultado veio pior que o consenso da Refinitiv, que esperava prejuízo de R$ 296,7 milhões no intervalo.

O desempenho operacional também demonstrou queda no trimestre, com a receita líquida recuando 4,6%, para R$ 86,6 bilhões – mesmo assim foi a segunda maior receita da empresa para o período, perdendo apenas para o 1T22. A geração de caixa livre saiu de R$ 2,75 bilhões negativos para R$ 6,12 bilhões negativos.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) contábil somou R$ 1,98 bilhão, queda de 79,8% em relação ao mesmo período de 2022, quando o lucro operacional somou R$ 9,84 bilhões.

Em termos ajustados, considerando conciliação de ativos, indenizações, acordos, entre outros, o Ebitda foi de R$ 2,16 bilhões, queda de 78,6%. Neste item, a margem recuou 8,6 pontos percentuais, para 2,5%.

“Como apontamos no trimestre passado, esse período enfrentaria alta de custos dos insumos, inflação persistente e desequilíbrio entre oferta e demanda”, justificou no documento o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, listando ainda problemas de sazonalidade. “Todas as movimentações necessárias para reduzir o impacto dessas circunstâncias foram adotadas”, garantiu.

Os detratores para o crescimento, alegou a JBS, foram as operações americana e a Seara. “Nos Estados Unidos enfrentamos preço elevado de gado e achatamento da margem, além de uma performance comercial e operacional abaixo do esperado”, prossegue o CEO.

Na Seara, principal concorrente da BRF (BRFS3), houve problemas com a queda de preços das exportações, enquanto o custo dos grãos (leia-se soja e milho) impactou nas margens. “Tomamos as medidas para reverter a produtividade no campo e o custo dos grãos já se mostra mais favorável”.

Estrutura de capital

No trimestre, a dívida líquida da JBS cresceu 26%, para R$ 83,7 bilhões, colocando a alavancagem em 3,14 vezes o Ebitda da companhia – ante 1,36 vez de um ano atrás. Considerando a dívida bruta de R$ 92,7 bilhões, 89,2% é de compromissos de longo prazo.

O prazo médio de dívida é de 9,8 anos, com custo de 5,87% ao ano. Pela originação, 78% vêm de dívidas emitidas no exterior (bonds), 13% em bancos comerciais e 9% em antecipação de recebíveis via Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

“Não temos nenhum vencimento relevante até 2027. Além disso, já mapeamos o potencial de liberar US$ 1,2 bilhão de capital de giro”, disse Tomazoni, em nota enviada à imprensa.

No documento, a JBS afirmou ainda que o crescimento da alavancagem era esperado e que o patamar de endividamento da empresa permanece controlado. “A acertada gestão financeira se mostrou mais uma vez um diferencial que garante a solidez da JBS”, afirmou a empresa.

A companhia dos Batistas encerrou o primeiro trimestre do ano com R$ 9 bilhões em caixa e mais US$ 3,2 bilhões (ou cerca de R$16,4 bilhões pelo câmbio de fechamento do trimestre) em linhas de crédito rotativas. Assim, a JBS afirma ter R$ 25 bilhões em recursos disponíveis.

Operações

Considerando as verticais de negócio da JBS, a operação brasileira de carne bovina registrou receita líquida de R$ 12,2 bilhões, com baixa de 14,9% no comparativo anual, Ebitda ajustado de R$ 297 milhões (queda de 32,3%) e margem 0,6 ponto menor, a 2,4%.

No país, a vertical de bovinos foi afetada pelo embargo da China à carne brasileira entre fevereiro em março por conta de um caso atípico do mal da “vaca louca” – a proibição já foi suspensa.

Na Seara, voltada às proteínas de frango e suíno e apontada pela diretoria como um dos principais detratores do resultado, houve queda de 76,1% no Ebitda ajustado, a R$ 147 milhões, apesar de uma melhora de 8,9% na receita líquida, que alcançou R$ 10,3 bilhões. A margem Ebitda foi de 1,4%, queda de 5,1 pontos.

Nos Estados Unidos, principal mercado da empresa, a JBS Beef North America, de carne bovina, registrou receita de R$ 27,4 bilhões no primeiro trimestre, queda de 5,6% em relação ao mesmo intervalo de 2022. O Ebitda ajustado caiu 97,2%, para R$ 116 milhões, com margem de 0,4% (menos 13,7 pontos).

No mercado de carne suína americano, a JBS USA Pork teve receita 5,6% menor no 1T23, para R$ 9,4 bilhões, com Ebitda ajustado de R$ 232 milhões (-81,2%) e margem 9,9 pontos menor, a 2,5%.

Enquanto na proteína de frango, a PPC obteve receita líquida de R$ 21,6 bilhões, baixa de 2,5%, com Ebitda ajustado de R$ 1,4 bilhão, recuo de 56,5%, e margem de 6,5% (-8 pontos).

Por fim, a JBS Austrália registrou faturamento de R$ 7,2 bilhões, retração de 2,3% no comparativo anual, Ebitda ajustado negativo em R$ 18 milhões e margem negativa em 0,2%.

“Nos últimos 12 anos, é o primeiro trimestre que nos deparamos com adversidades em quase todos os países onde operamos”, avaliou o CEO. “[Mas] Medidas de gestão operacional e melhoria significativa de cenário já apontam para uma performance mais positiva e de acordo com o nosso potencial”, conclui Gilberto Tomazoni.

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