Donos da JBS pagam milhões à CVM para encerrar processo sobre ‘Joesley Day’
Caso se debruçava sobre política de ‘hedge cambial’ da empresa
Por Rennan Setti
15/08/2023 20h01 Atualizado há 2 dias
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que fiscaliza o mercado de capitais, aceitou nesta terça-feira proposta milionária dos donos da JBS para encerrar um dos processos iniciados nas investigações sobre a forma como o frigorífico atuava no mercado de câmbio.
Essas práticas entraram em evidência depois que a delação premiada do grupo JBS, em 2017, levantou suspeitas de que seus acionistas usaram as operações para lucrar com a repercussão do caso no mercado. Essas acusações ainda estão em julgamento em outro processo na CVM – o colegiado já formou maioria para absolver os envolvidos -, mas o termo de compromisso desta terça-feira tratava de suposta falta de diligência no monitoramento da política de hedge (proteção cambial) da empresa pelo conselho de administração.
Como O GLOBO noticiou em 2018, eram acusados no processo os irmãos Joesley e Wesley Batista, o pai José Batista Sobrinho (fundador da JBS, cuja sigla representa seu nome), Humberto Junqueira de Farias e Tarek Farahat. (Os dois últimos eram membros do conselho da JBS e já não estão mais na empresa).
O acordo que encerra o processo soma R$ 12,7 milhões. José Batista Sobrinho vai pagar R$ 1,68 milhão; Joesley vai arcar com R$ 2,8 milhões; o cheque de Wesley será de R$ 4,2 milhões; e a dupla Humberto Junqueira e Tarek Farahat vai pagar R$ 2 milhões cada.
Detalhes da delação premiada foram reveladas pelo colunista do GLOBO, Lauro Jardim, em 17 de maio de 2017, provocando forte desvalorização da Bolsa e alta do dólar frente ao real. Joesley e Wesley chegaram a ficar presos preventivamente por vários meses sob acusação de manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.
Em maio deste ano, o colegiado da CVM começou a julgar um processo sobre isso, e formou-se maioria pela absolvição dos irmãos Batista, mas o julgamento foi interrompido por pedido de vistas.