Kim Jong-un, o líder do governo norte-coreano, ameaçou novamente lançar um ataque nuclear contra a Coreia do Sul e ordenou a aceleração dos preparativos militares para uma “guerra” que poderia “estourar a qualquer momento”, informou a agência de notícias estatal KCNA neste domingo (31).
Kim criticou duramente os Estados Unidos em um longo discurso ao fim de uma reunião de cinco dias do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, um encontro anual no qual o curso estratégico do país é definido.
Durante a reunião, o partido no poder anunciou o lançamento de três novos satélites espiões em 2024, a construção de drones e o desenvolvimento de capacidades de guerra eletrônica, informou a KCNA.
Pyongyang lançou com sucesso um satélite espião militar em órbita em novembro deste ano e, desde então, afirma ter imagens de instalações militares dos EUA e da Coreia do Sul. Este ano, também realizou um número recorde de testes de armas, incluindo o lançamento de seu mais poderoso míssil balístico intercontinental (ICBM), culpando os EUA pelas crescentes ameaças.
Durante a reunião, Kim acusou os EUA de apresentarem “vários tipos de ameaças militares” e ordenou que seus militares monitorassem de perto a situação de segurança na península e “sempre respondessem com uma atitude avassaladora”.
— Uma guerra pode eclodir a qualquer momento na península devido aos movimentos imprudentes dos inimigos para nos invadir — disse Kim.
A Coreia do Sul, o Japão e os Estados Unidos intensificaram a cooperação em defesa este ano diante das crescentes ameaças nucleares e de mísseis de Pyongyang, e recentemente ativaram um sistema para compartilhar dados em tempo real sobre os lançamentos de mísseis norte-coreanos.
No início deste mês, um submarino de propulsão nuclear dos Estados Unidos chegou ao porto sul-coreano de Busan, e Washington enviou bombardeiros de longo alcance para realizar exercícios com Seul e Tóquio.
Para Pyongyang, o envio de armas estratégicas, como os bombardeiros B-52, para exercícios conjuntos na península coreana são “ações intencionalmente provocativas dos Estados Unidos para uma guerra nuclear”.
— Devemos responder rapidamente a uma possível crise nuclear e continuar a acelerar os preparativos para pacificar todo o território da Coreia do Sul, mobilizando todos os meios e forças físicas, inclusive nucleares, em caso de emergência — declarou Kim.
Na reunião, Kim disse que não buscaria mais a reconciliação e a reunificação com a Coreia do Sul, observando uma “situação de crise persistente e incontrolável” na península, que, segundo ele, foi desencadeada por Washington e Seul.
As relações entre as duas Coreias estão em um de seus piores momentos, depois que o Norte lançou um satélite espião que levou Seul a suspender parcialmente um acordo militar de 2018 destinado a diminuir as tensões na península.
— Acho que é um erro que não devemos mais cometer ao considerar as pessoas que nos declaram como seu “principal inimigo” (…) como alguém com quem buscar a reconciliação e a reunificação — informou a KCNA, citando Kim.
O líder norte-coreano ordenou a elaboração de políticas para reorganizar os departamentos que lidam com assuntos de fronteira a fim de “mudar radicalmente o curso”.
A Coreia do Norte se declarou uma potência nuclear “irreversível” no ano passado e afirma que seu programa nuclear é fundamental para sua sobrevivência.
O Conselho de Segurança da ONU adotou várias resoluções pedindo à Coreia do Norte que interrompa seus programas balísticos e nucleares desde seu primeiro teste nuclear em 2006.
Com informações de O Globo.