China diz à Argentina que corte nas relações será ‘erro grave’; Brasil adota estratégia para Milei

Sputnik

A vitória de Javier Milei na Argentina tem ecoado não só na América do Sul como em todo o globo chegando até a China. O país asiático está apenas atrás do Brasil como maior parceiro econômico de Buenos Aires, no entanto, Milei adota um discurso radical contra Pequim.

Durante sua campanha, o economista chegou a comparar o governo chinês a um “assassino” e disse que o povo da China “não era livre”.

Em uma coletiva de imprensa hoje (21), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, disse que o desenvolvimento das relações com Buenos Aires tem mostrado um bom impulso e que seria um “erro grave” para a Argentina cortar laços com países como a China e o Brasil, segundo a agência Reuters.

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A economista cotada para se tornar a chanceler do novo governo argentino, Diana Mondino, também disse que a Buenos Aires não se juntaria ao grupo BRICS. Mao, questionada pelos repórteres sobre as observações de Mondino, disse:

“Os dois lados têm uma forte complementaridade econômica e um enorme potencial de cooperação. A China está disposta a continuar a trabalhar em conjunto com a Argentina para promover a estabilidade e o desenvolvimento a longo prazo das relações bilaterais”, afirmou a porta-voz.

No início deste mês, Mondino declarou que seu país não tinha problemas em negociar com o Brasil e, quanto à China, Milei tentaria acabar com acordos opacos entre Estados, relata a mídia.

O discurso duro do futuro presidente sobre Pequim contrasta fortemente com a promessa de cooperação do presidente cessante, Alberto Fernández , que visitou a capital chinesa no mês passado e saudou a China como um “verdadeiro amigo” da Argentina.

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No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi chamado por Milei de “corrupto” no começo do mês, já adotou uma estratégia para lidar com a vitória do economista, segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo.

De acordo com a mídia, o assessor de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, defende que o Brasil adote uma “relação de Estado” com o futuro líder argentino.

“É possível ter relação boa, mesmo com presidentes de ideologias muito diferentes. Tudo depende da capacidade de colocar os interesses de Estado acima da preferência pessoal. Somos capazes disso. Vamos ver se o presidente eleito da Argentina também será, esperamos que sim”, disse Amorim à coluna.

Nesta manhã (21), Milei falou por vídeo com o ex-presidente, Jair Bolsonaro, que confirmou sua presença na cerimônia de posse em 10 de dezembro em Buenos Aires.

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Questionado sobre o fato de o primeiro contato de Milei com o Brasil ter sido feito junto ao ex-presidente, Amorim minimizou os efeitos.

“Essa ligação não tem reflexos para o governo brasileiro. Não vai impedir a gente de tratar a relação com Argentina como um relacionamento de Estado.”

Para Amorim, a relação do argentino com o clã Bolsonaro só trará problemas se vier com “interferências internas“.

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