Por Alex Solnik
Os livros “It: a coisa”, de Stephen King; “Exorcismo”, de Thomas B. Allen; “Coração satânico”, de William Hjortsberg; “Ed Lorraine Warren: demonologistas – arquivos sobrenaturais”, de Gerald Brittle foram retirados das bibliotecas de escolas públicas de Santa Catarina por ordem do governador, o que dá a entender que sua intenção seria proteger os alunos de obras demoníacas ou de terror.
Na lista, da qual consta ao menos uma obra prima – “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess – há outro livro que à primeira vista parece pertencer à prateleira do terror ou do diabo, mas só engana quem quer ser enganado: “O diário do diabo: os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo”.
Os autores – Robert K. Wittman e David Kinney – contam a história do nazista que concebeu a escala racial, na qual nos níveis mais baixos colocou os judeus e os negros e, nos mais altos, os nórdicos e os arianos. Seu livro “O mito do século XX” foi um dos livros de cabeceira de Hitler e o certificado intelectual para justificar a solução final.
E ele foi enforcado por decisão do tribunal de Nuremberg.
Fica a dúvida se o principal objetivo era retirar de circulação o livro que compara o nazista ao diabo e, para não dar na vista, outros títulos com diabo no meio foram sacrificados.
Nos anos 30, núcleos nazistas vicejavam em Santa Catarina, colonizada por imigrantes alemães no século 19. Bandeiras com a suástica eram exibidas com orgulho. Crianças eram ensinadas a repetir “heil, Hitler” e a cantar hinos nazistas.
Depois da derrocada, Santa Catarina abrigou nazistas perseguidos em todo o mundo por seus crimes.
O estado também é o principal reduto de Bolsonaro, que já admitiu não ver problema em ser associado a Hitler (“teria se me comparam a um gay”).