Em meio à crise de segurança, presidente do Equador diz que vai deportar os detentos estrangeiros, a maioria colombianos

O Equador vai deportar presos estrangeiros, em sua maioria colombianos, para aliviar a crise no sistema carcerário. A medida foi anunciada pelo presidente Daniel Noboa nesta quarta-feira (10), após o surto de violência que tomou conta do país nos últimos dias.

Noboa disse que os estrangeiros são 90% dos detentos no país. Apenas de nacionalidade colombiana, são cerca de 1.500.

O presidente assinou um decreto na terça-feira (9) declarando “conflito armado interno” no Equador, ou seja, uma guerra civil. A decisão foi tomada após a fuga de Fito, chefe dos Choneros, uma das maiores facções criminosas do país. Na segunda-feira (8), o presidente já havia decretado estado de exceção para que o Exército atuasse nas prisões.

Mais de 130 agentes penitenciários e outros funcionários eram mantidos reféns nesta quarta (10) em pelo menos cinco presídios do Equador. O governo diz que a violência é uma reação ao plano encampado por Noboa de construir novas prisões de segurança máxima para isolar os detentos mais perigosos.

A imprensa local descreveu a madrugada de terça (9) como uma “noite de terror”, com explosões de carros-bomba em atos aparentemente coordenados, além do sequestro de quatro policiais. O caos se manteve durante a tarde, quando homens encapuzados invadiram a sede da emissora TC, em Guayaquil. Eles renderam apresentador e funcionários com armas e granadas em mãos durante uma transmissão ao vivo do telejornal El Noticiero, que em seguida saiu do ar.

A violência causou pânico em municípios de todas as regiões equatorianas. Maior cidade do país, Guayaquil colapsou, disse o jornal equatoriano Expresso. A publicação relata medo e correria após ações coordenadas de criminosos, que provocaram explosões e sequestraram policiais. Quem não conseguiu voltar para casa se abrigou em restaurantes ou empresas que fecharam as portas.

Na Universidade de Guayaquil, alunos e professores correram assustados e se refugiaram em salas de aula. Relatos que circularam na terça diziam que homens armados haviam invadido o campus, mas a afirmação foi negada pela instituição. O Ministério da Educação suspendeu as atividades presenciais de escolas e faculdades de todo o país pelo menos até a sexta-feira (12).

Várias outras instituições foram esvaziadas. Órgãos públicos permaneciam fechados nesta quarta (10), e a Assembleia Nacional suspendeu as atividades presenciais por tempo indeterminado. A mesma decisão foi tomada pelo Conselho Nacional Eleitoral, que chegou a cancelar uma sessão plenária.

Já o Ministério da Saúde do Equador suspendeu os atendimentos ambulatoriais nos centros de saúde e hospitais de todo o país. Consultas agendadas e cirurgias planejadas serão remarcadas, comunicou a pasta nas redes sociais.

Após a eclosão da crise, na terça, o jornal Expresso relatou que os ônibus de Guayaquil ficaram lotados às 14h no horário local (16h em Brasília) e que duas horas depois os veículos haviam “desaparecido” das ruas. Quito, assim como Guayaquil, registrou congestionamentos incomuns no começo da tarde.

Com informações da Folha de S.Paulo

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