A calorosa recepção que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, foi vista com desconforto por integrantes do governo brasileiro, para quem o novo mandatário argentino demonstra que não está empenhado em construir pontes entre as administrações dos países vizinhos. Segundo Malu Gaspar, a chancelaria brasileira e membros do primeiro escalão do governo federal interpretaram essas demonstrações como mais um sinal “negativo” do político de extrema direita.
“Milei definiu as amizades e as preferências”, ironizou um ministro de Lula ouvido pela equipe da coluna.
Conforme informou o colunista Lauro Jardim, MIlei disse que se orgulhava da visita de Bolsonaro, a quem afirmou “admirar tanto por sua luta contra a esquerda internacional, que tenta intrometer-se dividindo o país e o mundo lutando contra a liberdade”.
Lula, por sua vez, também já tinha dado um recado a Milei ao decidir enviar o chanceler Mauro Vieira para a posse de Milei neste domingo – em vez de ir pessoalmente ou designar o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Durante a campanha eleitoral na Argentina, Milei chamou Lula de corrupto e comunista e o acusou de tentar interferir no pleito com medidas a favor de seu adversário, o peronista Sérgio Massa.