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O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, afirmou nesta sexta-feira (8) que o país está diante de um golpe de Estado “absurdo e perverso”, após o Ministério Público invalidar a eleição presidencial que o elegeu, em agosto passado.
Arévalo apelou ao Supremo Tribunal de Justiça e ao Tribunal Constitucional para que assumam “o papel que lhes corresponde na defesa da democracia e do Estado de direito” e parem “as artimanhas ilegais deste grupo de golpistas entrincheirados no Ministério Público”.
“Estamos diante de um golpe de Estado absurdo, ridículo e perverso, […] um golpe que não é contra Bernardo Arévalo e Karin Herrera, que não é contra o Movimento Semilla, é um golpe contra a Guatemala”, disse o presidente eleito em coletiva de impresa.
Promotores da Guatemala invalidam resultados das eleições presidenciais
Ontem, 18:08
Na coletiva, ele frisou que os resultados foram oficializados, são definitivos e inalteráveis.
“Vencemos as eleições e tomaremos posse no dia 14 de janeiro. O futuro já pertence ao povo da Guatemala, o futuro já é nosso, só nos resta defendê-lo”, completou.
Mais cedo, promotores da Guatemala anunciaram a anulação do resultado das eleições presidenciais realizadas em 20 de agosto, que deram vitória a Bernardo Arévalo. Segundo a promotora Leonor Morales, os resultados foram invalidados devido a supostas violações administrativas.
O Tribunal Eleitoral da Guatemala, no entanto, endossou que os resultados das eleições “são inquestionáveis”.
Entidades internacionais e autoridades políticas condenam anulação
Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, saiu em defesa de Arévalo, afirmando que o país passa por uma tentativa de golpe de Estado.
Em comunicado publicado nas redes sociais, a Organização dos Estados Americanos (OEA) também condenou “a tentativa de golpe de Estado do Ministério Público da Guatemala”.
“As ações e declarações dos promotores Rafael Curruchiche e Leonor Morales constituem uma alteração da ordem constitucional do país, uma violação do Estado de direito e uma violação dos direitos humanos da população de seu país.”
No final de setembro, o Ministério Público do país apreendeu dezenas de urnas e atas eleitorais na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Guatemala.
Na ocasião, a Procuradoria-Geral da Guatemala abriu uma investigação contra o Semilla, partido político de Arévalo, e um tribunal suspendeu o estatuto jurídico do partido. O TSE da Guatemala suspendeu posteriormente a decisão de revogar o estatuto jurídico do partido.
A medida desencadeou protestos populares, com manifestantes acusando o órgão de atentar contra a democracia. Após semanas de protestos populares, o TSE da Guatemala oficializou o resultado das eleições e marcou a posse de Arévalo para 15 de janeiro de 2024.