Issam Rimawi/Anadolu via Getty Images
Invadir ou não os túneis onde os líderes do Hamas se escondem na Faixa de Gaza? Esta é a questão mais importante ainda não resolvida pelo gabinete de guerra liderado em Tel Aviv pelo primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu.
Os túneis, que o Hamas levou mais de 30 anos para construir, atravessam grande parte da cidade de Gaza. É uma outra Gaza por baixo da Gaza que se conhece e que aos poucos vai sendo destruída pelas Forças de Defesa de Israel.
Entradas e saídas dos túneis devem estar sob conjuntos habitacionais e acampamentos que abrigam palestinos bombardeados dia e noite, e o que é mais grave: sob os hospitais que ainda funcionam, embora precariamente.
Há 36 hospitais na Faixa de Gaza. Eles estão repletos de feridos e mortos. Nos seus pátios ou vizinhanças, há milhares de palestinos que os usam como uma espécie de escudo. Pelo menos 19 hospitais foram alvos de cerca de 250 ataques, segundo dados da ONU.
Se Israel, para acessar os túneis, sentir-se obrigado a não poupar os hospitais, como reagirá o mundo ocidental que ainda o apoia, mas cobra com insistência um cessar-fogo? Antes, essa parte do mundo pedia “pausas humanitárias”; agora, um cessar-fogo.
Netanyahu e seus ministros de extrema-direita prometeram exterminar os dirigentes do Hamas em resposta à invasão de Israel em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de mais de 240. Seria a solução final aplicada ao Hamas.
É razoável supor que os sequestrados estejam sendo mantidos dentro dos túneis como última linha de defesa dos líderes do Hamas cercados pelas tropas de Israel. Como matar os líderes dos Hamas sem matar os sequestrados que eles guardam?
Tel Aviv foi sede, ontem à noite, de uma grande manifestação de rua promovida por parentes e amigos dos reféns. Milhares de pessoas exigiram que o governo de Israel se preocupe acima de tudo com a vida dos que são mantidos em cativeiro pelo Hamas.
Como conciliar a solução final para o Hamas com a libertação dos sequestrados? A princípio, só parece haver um meio: a negociação. Em troca da suspensão dos bombardeios, o Hamas se diz disposto a soltar um numeroso grupo de reféns.
blob:https://claudiotognolli.com.br/24a0c24d-6b9a-4c94-beb0-dc7754dc6885
As cadeias de Israel estão abarrotadas de palestinos acusados de ligação com o Hamas. Essa também seria uma moeda a ser jogada em cima da mesa de negociação. E então? Até aqui, o governo de Israel ainda não deu sinais sobre o que fará.