Diante de milhares de apoiadores, e de costas para o Congresso, o presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou neste domingo (10) que fará um drástico ajuste fiscal que “cairá sobre o Estado e não sobre o setor privado”. E admitiu que haverá duras consequências sociais, com queda de atividade econômica, desemprego e miséria, além de inflação.
“Não há alternativa ao ajuste. Logicamente isso vai impactar o nível de atividade, o emprego, os salários reais, a quantidade de pobres e indigentes. Haverá inflação. Mas não é algo diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos. Há mais de uma década vivemos com essa inflação. Então esse é o momento de começar com a reconstrução da Argentina. Depois desse ajuste macro, a situação começará a melhorar, haverá luz no final do túnel. No caso alternativo, a proposta progressista, cuja única fonte de financiamento é a emissão de dinheiro, a consequência seria uma hiperinflação e uma espiral decadente que nos nivelaria à Venezuela de [Hugo] Chávez e [Nicolás] Maduro. Depois de semelhante situação, não pode restar dúvidas de que a única possibilidade é um ajuste, um ajuste organizado com força no Estado, e não sobre o setor privado”.
Em tom apoteótico, comparou sua eleição à queda do Muro de Berlim e disse que “hoje começa uma nova era de paz e prosperidade”. No entanto, frisou que “nenhum governo recebeu uma situação pior do que estamos recebendo”. Repetiu que “não há dinheiro” e frisou ainda que a situação da Argentina é de emergência “em todas as esferas”.
Após fazer um apanhado da história política do país, Milei criticou as escolhas políticas e econômicas das últimas décadas. “Hoje enterramos décadas de fracasso e brigas sem sentido”, afirmou, em um ataque ao que chamou durante a sua campanha de “casta” da política.
“Durante mais de 100 anos, os políticos insistiram em defender um modelo que só gera pobreza e miséria. Um modelo que considera que os cidadãos existem para servir a política, e não que a política serve os cidadãos”, disse.
Em seguida, explicou suas propostas, em tom de justificativa, focando especialmente na economia.
Após a reacomodação (…), a situação começará a melhorar. Haverá luz no fim do túnel. No caso alternativo, a simplista proposta populista, cuja única fonte de financiamento é a emissão de dinheiro. levará o país à hiperinflação e à pior crise de sua história, somadas a um espiral decadente que nos aproximará à Venezuela de Chávez e Maduro”, disse Milei.
“Cem dias de fracasso não se desfazem em um dia, mas um dia começa. E hoje é esse dia. Hoje começamos a sair do caminho da decadência e começarmos a traçar o caminho da prosperidade.”