O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, admitiu nesta segunda-feira (8) que “havia de certa forma uma vista grossa do Exército” com os acampamentos de golpistas em todo o país, que surgiram após as eleições presidenciais de 2022 e só foram desmobilizados após os ataques golpistas de 8 de janeiro. “As Forças Armadas precisam que a Justiça diga quem são os culpados porque precisamos puni-los.”
Segundo Andréia Sadi, em seu blog no Globo, Múcio disse que o então ministro do Exército lhe garantiu que esses acampamentos não teriam consequências violentas:
“Na véspera do dia 8, o general Júlio Cesar de Arruda me comunicou que o Brasil inteiro tinha 4.500 pessoas [nos acampamentos], disse para que eu ficasse calmo porque aquilo ia desaparecer e que em Brasília havia 1.500 pessoas. Eu saía de casa de manhã, passava no acampamento para ver o número de pessoas e passava antes de ir para casa para ver se tinha diminuído”, fala Múcio.
Sobre os acontecimentos que antecederam o 8 de janeiro, o ministro disse que teria o mesmo comportamento se fosse hoje. “Não me arrependo de nada que fiz”, diz.
“Se nós tivéssemos mexido com aquilo (acampamentos na frente de quartéis), nós teríamos criado uma fratura dentro das Forças Armadas”, completa.
Sobre a punição de militares envolvidos nos ataques de 8/1, o ministro disse que ninguém discute a velocidade da Justiça e julgamento, mas que espera por punições.
“A gente só pode condenar quando tiver dados. Eu quero punir, eu desejo demais e tenho dito isso todos os dias”, afirma.