Do GGN
Os irmãos Koch são conhecidos nos Estados Unidos por ter grande influência na política, graças à bem sucedida atuação na fabricação, refino e distribuição de petróleo, produtos químicos e energia, atividade que rendeu à família mais de US$ 108 bilhões.
Para a revista norte-americana The News Republic, o império empresarial dos Koch passou a ser desafiado pelos também irmãos Wesley e Joesley Batista, cuja família detém a maior empresa do ramo alimentício do mundo e que, agora, decidiu diversificar as unidades de negócio ao investir também nos derivados de petróleo.
O veículo resgata que a família passou a prosperar a partir da atuação do patriarca, José Batista Sobrinho, como açougueiro em Brasília a partir da segunda metade da década de 1950. Sobrinho se tornou um dos primeiros fornecedores de carne para as empresas responsáveis pela construção da capital no planalto central, tornando-se uma das empresas que dominaram o mercado duas décadas depois.
Já na década de 1980, a empresa ganhou as regiões sul e sudeste e, a partir de 1996, passou a exportar carne. A partir de 2000, a companhia foi renomeada com as iniciais de Sobrinho.
Líder de mercado
Hoje, a JBS é a maior fornecedora de proteína animal do mundo. Em 2022, tornou-se a maior empresa alimentar de qualquer tipo, ultrapassando a multinacional suíça Nestlé. E é também uma força poderosa nos Estados Unidos: é o maior produtor de carne bovina do país e o segundo maior produtor de carne suína e de aves, empregando mais de 66.000 pessoas em quase 60 instalações. Ao todo, a empresa é responsável por mais de 17% da receita nos EUA na indústria de processamento de carne e, em alguns anos, foi responsável por 50% do consumo dos EUA.
Ainda assim, a empresa é desconhecida pela maioria dos consumidores americanos, mesmo que a JBS responda por diversas cadeias de varejo nos Estados Unidos.
A revista chama atenção para os esforços da JBS em se apresentar como uma empresa ecologicamente correta, tendo em vista que, na COP 28, prometeu dar prioridade às culturas produzidas de forma sustentável em toda a sua cadeia de abastecimento.
Em contrapartida, a empresa gera enormes emissões de gases de efeito estufa, tem ligações com o desmatamento ilegal da Amazônia brasileira e foi investigada e multada por desrespeitar a saúde dos trabalhadores durante a crise mundial de saúde causada pela Covid-19. ,
“Além de tudo isso, a organização de defesa ambiental Mighty Earth escreveu em um extenso relatório de 2022 sobre a empresa que a JBS tem sido ‘ligada a suborno, fixação de preços, poluição, exploração de trabalhadores e alegações de venda de carne contaminada’”, destacou o The New Republic.
Atuação política
Outro fato questionado pelo veículo norte-americano é o envolvimento dos irmãos Wesley e Joesley na política, tendo em vista que apesar de acusações diretas da JBS em casos de corrupção durante o governo de Michel Temer (MDB), quando Ricardo Saud, chefe de relações institucionais da JBS, transferiu uma mala com 500 mil reais para um parlamentar que há muito era assessor e confidente de Temer, os Batista nunca sofreram punições.
Os irmãos também não foram penalizados pela Operação Lava Jato, porque formalizaram um acordo judicial em que ofereceram testemunhos contundentes. “Esta narrativa estonteante de alta intriga política fala do poder e da centralidade que a JBS assumiu nos assuntos da maior nação da América Latina. É tudo menos um mero processador de carne”, continua a reportagem.
Expansão dos negócios
A The New Republic destaca ainda a atuação do grupo empresarial nos setores de minério e celulose, que junto às áreas de agricultura e pecuária, são os segmentos com maior responsabilidade sobre o desmatamento da Amazônia, especialmente porque as empresas de celulose, apesar de se venderem como sustentáveis, também resultam em queimadas.
Já em relação ao petróleo, a unidade de negócio foi adquirida pela J&F no início de dezembro. “Os descendentes da JBS reuniram agora um portfólio impressionantemente diversificado de devastação, abrangendo vários setores e continentes. Mais do que a maioria dos titãs da indústria, representam o casamento entre a profunda corrupção política e a degradação ambiental. Os Batista diriam certamente que estão simplesmente a servir uma procura saudável em múltiplas frentes. Afinal, as pessoas querem carne e as indústrias querem papel, minerais e petróleo. O problema, claro, é que a avidez da empresa em atender a essas demandas não se mostrou responsiva às limitações legais. Os planos de crescimento diversificados da empresa deveriam atrair mais atenção daqueles que se preocupam com a degradação ambiental, bem como daqueles que se preocupam com o progresso desimpedido da consolidação corporativa”, conclui a reportagem.
Confira a reportagem na íntegra, em inglês, neste link.