O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) tinha o “poder de ordenar as movimentações antidemocráticas”, afirmou o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos. E, segundo a Polícia Federal, manteve diversos diálogos com um foragido pela invasão do Congresso Nacional no 8 de janeiro.
O interlocutor do parlamentar, no caso, foi Carlos Victor de Carvalho, responsável pela organização de atos antidemocráticos em Campos dos Goytacazes (RJ). Em um desses contatos, Victor chama o deputado de “meu líder”.
Essas informações foram usadas como provas para deflagar nesta quinta-feira (18) a 24ª fase da Operação Lesa Pátria contra o deputado. A PF obteve indícios de que Jordy atuou como orientador dos atos antidemocráticos que contestavam o resultado das eleições de 2022, como bloqueios de rodovias e acampamentos e quartéis.
“O parlamentar, além de orientar grupo expressivo de pessoas, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”, afirmou o subprocurador.
Na manifestação, a Procuradoria-Geral da República concordou que Jordy e outros investigados fossem alvos de mandados de busca e apreensão, além de terem seus sigilos telefônicos e telemáticos quebrados.
De acordo com a PGR, Jordy tem “fortes ligações” com Carlos Victor de Carvalho.
Foi encontrada uma conversa entre os dois com 627 registros, incluindo mensagens de texto e de áudios, anexo e ligações. Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, são 22 registros.
No dia 1º de novembro, quando ocorriam paralisações em rodovias e estavam começando acampamento em frente a quarteis do Exército, Carvalho enviou mensagem chamando Jordy de “meu líder” e questionando qual o “direcionamento” ele poderia dar. O deputado responde perguntado se ele poderia falar, indicando que os dois continuaram a conversa pelo telefone.
Para a PGR, o diálogo “levanta fortes suspeitas da participação de Carlos Jordy nos atos que ocorreram” e sugere que o vínculo entre “ambos extrapola eventuais fins políticos partidários, demonstrando intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado de Direito”.
Pelas redes sociais, Jordy classificou o mandado judicial como uma “medida autoritária”.
“Isso é a verdadeira constatação de que estamos vivendo em uma ditadura. Em momento algum no 8 de janeiro, eu incitei, falei para as pessoas que aquilo era correto, estive nos quartéis-generais quando estavam acontecendo todos aqueles acampamentos. Pelo contrário. Nunca apoiei nenhum tipo de ato, anterior ou depois do 8 de janeiro. Embora as pessoas tivessem todo o direito de fazer suas manifestações contra o governo eleito. Então é totalmente arbitrário. Não há nenhuma postagem minha, nada que possa ser colocado contra mim ou justifique essa medida autoritária de busca e apreensão”, disse em vídeo publicado.