Durante uma entrevista à CNN, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, abordou a necessidade de adotar medidas para prevenir a repetição de eventos similares aos ocorridos em 8 de janeiro. O magistrado enfatizou a importância de despartidarizar e despolitizar a atuação dos agentes de segurança, além de sugerir a implementação de um período de quarentena para aqueles que desejam entrar na disputa eleitoral. Essas proposições, segundo Mendes, envolvem uma reflexão sobre o papel das polícias e das Forças Armadas, acompanhada por uma consciência voltada à defesa da democracia.
Gilmar Mendes também criticou a presença de militares em cargos civis, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro, e apontou a “condescendência” de fardados com acampamentos de manifestantes em frente aos quartéis. Ele ressaltou que incidentes anteriores, como o ataque à sede da Polícia Federal e a tentativa de explosão de uma bomba em Brasília, foram indícios de um processo de terrorismo que antecedeu os eventos de 8 de janeiro.
O ministro isentou a chefia das Forças Armadas de adesão aos acontecimentos de 8/1, mas destacou a participação ou tolerância de membros de níveis hierárquicos elevados. Ele criticou a permissão para manifestantes acamparem em frente a quartéis do Exército após a eleição presidencial de 2022 e apontou a chamada “doutrina Villas Bôas” como prejudicial, referindo-se à interpretação golpista do artigo 142 da Constituição por parte das Forças Armadas.
Em relação ao ex-presidente Bolsonaro, Gilmar Mendes revelou ter mantido diálogos frequentes, buscando desviar teorias conspiratórias presentes no entorno do líder. O ministro destacou a necessidade de conscientizar sobre a atuação institucional do tribunal, afirmando que o pensamento conspiratório influenciava constantemente as decisões do então presidente.