O tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em sua delação premiada à Polícia Federal (PF) que ao menos três assessores presidenciais utilizavam uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto – mesmo andar em que funciona o gabinete presidencial – para a produção de conteúdo que depois era disseminado para os contatos e redes sociais ligados ao então mandatário.
Segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1, a investigação da PF apontou que o material produzido nesse local incluía ataques às instituições democráticas, com foco especial no Supremo Tribunal Federal (STF).
“As informações dadas pelo militar reforçam a principal suspeita da PF no inquérito das milícias digitais, de que Bolsonaro e aliados usaram a estrutura do governo para atacar e tentar fragilizar as instituições”, destaca a reportagem.
O grupo conhecido como “gabinete do ódio” era composto por Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz, de acordo com o depoimento de Cid. Tomaz e Gomes foram nomeados assessores especiais do gabinete pessoal do presidente no início do governo, enquanto Diniz ocupava um cargo na Secretaria de Comunicação.
O ex-ajudante de ordens afirmou, ainda, que esse núcleo “tinha ‘relação de subordinação’ com o vereador Carlos Bolsonaro, que ‘ditava’ o que deveria ser produzido”.
Procurado pela reportagem, Tércio Arnaud Tomaz negou a existência do “gabinete do ódio” e afirmou que não há provas que sustentem tais acusações, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz não foram localizado e assessoria de Carlos Bolsonaro informou que o vereador não iria se pronunciar sobre o assunto.