Funcionários da JBS, em Caxias, cobram explicações da empresa após morte de venezuelano em vestiário

Edgar José Oliveros Acosta teria procurado atendimento médico na unidade de Ana Rech antes de morrer. Colegas chegaram a paralisar as atividades nesta quarta até encontro com responsáveis

Pedro Zanrosso

PEDRO ZANROSSO

Pedro Zanrosso / Agência RBS
Na manhã desta quarta, funcionários chegaram a paralisar atividades na unidade de Ana RechPedro Zanrosso / Agência RBS

Cerca de 80 funcionários da unidade do Frigorífico JBS em Ana Rech, em Caxias do Sul, paralisaram as atividades, no início da manhã desta quarta-feira (10), em protesto à morte de Edgar José Oliveiros Acosta, de 37 anos. Informações preliminares apontam que o homem, venezuelano e que trabalhava há quatro dias na empresa, passou mal na terça-feira (9) e teria pedido ajuda na enfermaria do local, mas morreu dentro de um banheiro da unidade. Conforme relatos feitos por colegas de trabalho, quando Acosta foi até a enfermaria, a equipe teria informado a ele que poderia estar com frio e teria pedido que ele retornasse para as atividades. As circunstâncias da morte serão investigadas pela Polícia Civil. Segundo o delegado Rodrigo Duarte, da 1ª Delegacia de Polícia de Caxias, um inquérito já foi instaurado, mas a causa da morte de Acosta só poderá ser confirmada com o laudo necroscópico, que não tem data para ser entregue.

Os funcionários pediam respostas da empresa sobre a morte do colega nesta manhã. Colaboradora da JBS há seis meses, Indiana de Oliveira Reis, 36, questiona o atendimento de saúde no local:

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— Não temos acesso à enfermaria sem autorização do supervisor e, algumas vezes, tu não encontra porque estão sempre em reunião.

O turno de trabalho da maioria dos funcionários paralisados começaria às 4h desta quarta-feira. Por volta das 7h30min, um representante da empresa chamou cinco funcionários para uma reunião. No encontro, a empresa se comprometeu a disponibilizar transporte para as pessoas se deslocarem por 30 minutos ao velório de Costa que ocorre em uma capela de Ana Rech. Além disso, um comitê foi criado com funcionários brasileiros, haitianos e venezuelanos para discutir a política de saúde da empresa.

Jesus Gonzalez, 27, trabalha há um ano e seis meses no setor da desossa da JBS e foi um dos representantes que conversou com um gerente e responsáveis pelo RH da empresa. No encontrou que durou cerca de 1h30min, ouviu o compromisso da empresa em disponibilizar dois médicos por turno:

— Eles pediram que os funcionários cumprissem o turno hoje (quarta) e organizassem um comitê de colaboradores, formado por três trabalhadores de cada país. O que aconteceu aqui (a morte) poderia acontecer com qualquer outro. Precisamos de profissionais que nos socorram a cada situação que acontece, como desmaios, cortes e escorregões. 

Às 9h15min, uma van chegou na empresa para levar os funcionários ao velório de Acosta.

O jurídico da JBS afirmou que só se manifesta por nota: “A JBS lamenta o falecimento de um colaborador nesta terça-feira (09/05), na unidade de Ana Rech. A Companhia se solidariza com seus familiares e amigos, e está prestando todo apoio necessário à família nesse momento de profunda dor e tristeza”.

Questionada pela reportagem, a empresa não se manifestou sobre o pedido de atendimento feito pelo funcionário à enfermaria.

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