Em encontro do PT, Gleisi e Haddad divergem publicamente sobre gestão das contas públicas

Durante a Conferência Eleitoral do PT, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidenta do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), divergiram sobre a condução das contas públicas pelo governo federal. Enquanto Haddad manteve sua posição de zerar as contas do governo no ano que vem, Gleisi defendeu uma ação do Estado para estimular a economia, mesmo que haja déficit.

Haddad busca uma arrecadação de R$ 168 bilhões a mais e intensificou as negociações no Congresso para que seja aprovada ainda este ano a pauta econômica enviada pelo governo. Neste sábado, ele disse considerar que um déficit nas contas públicas, com um maior volume de gastos, não indica, necessariamente, que a economia irá crescer.

“As coisas não são automáticas. Nos oito anos de governo do presidente Lula, tivemos superávit primário de 2%. A economia cresceu 4%. Não é verdade que o déficit faz [a economia] crescer. De dez anos para cá, a gente teve R$ 1,7 trilhão de déficit. E a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia”, afirmou Haddad.

Defensora de uma maior atuação do Estado para estimular a economia e de uma revisão para que as contas públicas, Hoffmann minimizou as diferenças entre ela e o ministro.

“A gente tem divergências e é normal a gente expor nossa visão e nossa forma de ver. Acho que o ministro Fernando Haddad está fazendo o papel dele com ministro da Fazenda, ele tem a visão dele e nós temos uma visão um tanto quanto divergente, que foi exposta de maneira muito tranquila e respeito”, disse Gleisi.

Para ela, seria necessária uma “presença maior de ações do Estado brasileiro” para levantar (a economia) em um cenário de queda do investimento privado e de juros básicos da economia ainda elevado

As declarações foram dadas após o PT ter divulgado um comunicado, nesta sexta-feira (8), no qual avalia que não faz nenhum sentido uma pressão por arrocho fiscal, que seria exercida pelo Banco Central.

“O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”, diz o PT, no documento.

Também neste sábado, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Nobre Guimarães (PT/CE), afirmou que se for necessário que as contas públicas tenham déficit, isso será feito. “Senão, não vamos vencer as eleições de 2024”, declarou.

Com informações do g1

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