O duplo foi lançado em 1796 por Jean-Paul Richter, sob a designação alemã de doppelganger, que pode ser traduzido como “aquele que tenho de lado” ou ainda “companheiro de estrada”. Virou moda, em literatura: mas já estava no Plauto de “Os menecmas” (206 A.C.), no Shakespeare de “Comédia de erros” (1592), e veio para o “Retrato de Dorian Gray, de Wilde “(1891), e para o conto “O outro”, de Jorge Luís Borges (1975).
O duplo pode surgir a qualquer momento. E provavelmente virá como tua Nêmesis, como teu contrário. Chega pra te varrer. Pior: pode não vir de fora, mas de dentro…
Poucos clássicos da literatura são tão conhecidos e adorados como “O médico e o monstro”. Escrito quando o autor tinha trinta e cinco anos de idade, em 1885, o romance foi um sucesso imediato de público e inseriu Robert Louis Stevenson no grupo seleto dos grandes escritores da literatura universal. Ao narrar as experiências de um médico que, numa “noite maldita”, tomou uma poção fumegante de coloração avermelhada e descobriu “a dualidade absoluta e primordial do homem”, o autor escocês criou uma história de suspense e horror, em que o perigo iminente não está do lado de fora, mas do lado de dentro, na parte obscura da alma.
Sobre O duplo, seu segundo romance, publicado em 1846, Dostoiévski declararia: “nunca dei uma contribuição mais séria para a literatura do que essa”. De fato, ao retratar o drama de um pequeno funcionário de personalidade cindida, que passa a enxergar e conviver com seu próprio duplo.
Fica aqui o aviso meia dúzia de políticos que escolhi a dedo: o duplo vem chegando. E ele come pela borda, é ladino, dúplice, lateral, enviezado…