O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou em entrevista ao Bom Dia SP, da TV Globo, nesta terça-feira (2), que não pretende investir na implementação de mais câmeras nos uniformes de policiais militares e questionou a eficácia do equipamento.
“A gente não descontinuou nenhum contrato. Os contratos permanecem. Mas qual a efetividade das câmeras corporais na segurança do cidadão? Nenhuma”, disse Tarcísio. A posição do governador, porém, é contrária ao de especialistas e também vai na contramão de pesquisas que apontam uma queda significativa nos índices de mortes decorrentes de incursões policiais devido à utilização dos equipamentos.
Em dezembro, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo negou um recurso que buscava reverter uma decisão desobrigando o uso de câmeras corporais em operações da Polícia Militar. O colegiado justificou que a imposição desta obrigação acarretaria “grave lesão à economia”.
A decisão ocorreu em meio à controvérsia gerada pela Operação Escudo, deflagrada no final de julho no Litoral Sul paulista, que resultou em 28 mortes e levantou críticas sobre supostos abusos por parte das forças de segurança.
Durante a operação, o governo paulista admitiu que nem todos os policiais tinham câmeras corporais, e alguns dos que possuíam o equipamento estavam com as câmeras desligadas durante alegados confrontos com suspeitos.
Na entrevista, Tarcísio de Freitas defendeu a contratação de mais agentes nas ruas e enfatizou sua preferência por investir em monitoramento do que na fiscalização do trabalho dos policiais. Ele destacou ser “preciso investir pesado em monitoramento. Isso custa muito dinheiro. É a melhor aplicação do recurso que a gente está buscando para proteger o cidadão.”
Ainda segundo ele, o plano do governo estadual é ter mais cinco mil homens no Centro da capital paulista este ano e 500 viaturas atuando na região. “Se você aumenta policiamento ostensivo, você vai fazer menos abordagem porque vai dissuadir o crime. E combinar mais investimento em iluminação pública para dissuadir o crime, porque iluminação pública afasta o criminoso”, disse.
A gestão de Tarcísio cortou R$ 98 milhões dos recursos destinados à pasta da Segurança Pública e deixou de investir em programas, como o Olho Vivo, responsável pelas câmeras corporais usadas pela Polícia Militar.
O corte no programa de câmaras corporais chegou a R$ 15 milhões do orçamento de R$ 152 milhões previsto para a ação neste ano, o que significa uma queda de cerca de 10% do valor destinado à manutenção dos equipamentos.