A repressão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao garimpo ilegal em reservas indígenas tem empurrado garimpeiros para outras florestas onde havia menos fiscalização. Este mês, agentes armados do ICMBio desceram de helicópteros em acampamentos de garimpeiros no alto do Tapajós, um afluente do rio Amazonas.
Eles incendiaram barcaças usadas para bombear e filtrar o minério, destruíram escavadeiras e motosserras e apreenderam armas, rádios e balanças usadas pelos garimpeiros para pesar o ouro.
Lula prometeu erradicar o garimpo ilegal e acabar com o desmatamento até 2030. Essa é uma forte reversão da política de seu antecessor, Jair Bolsonaro, que foi criticado mundialmente por relaxar os controles ambientais, dando aos madeireiros e garimpeiros ilegais liberdade de ação na Amazônia.
Em uma missão recente, um fotógrafo da Reuters acompanhou uma equipe do ICMBio até a Floresta Nacional de Urupadi, no Amazonas, onde agentes detiveram alguns garimpeiros e destruíram suas barracas, escavadeiras, equipamentos de dragagem e suprimentos de combustível.
Os garimpeiros haviam derrubado grandes extensões de floresta e cavado dezenas de lagoas para dragar o ouro que eles separavam da areia com mercúrio, um contaminante que envenena os peixes nos rios.
Pela porta aberta do helicóptero que se aproximava, os agentes do ICMBio dispararam com armas automáticas contra barcos a motor que levavam garimpeiros em fuga. Eles dispararam novamente para explodir barris de óleo diesel e incendiaram escavadeiras para que não pudessem ser usadas novamente.
“Estivamos aqui um mês atrás e os garimpeiros voltaram novamente e continuaram cometendo crimes ambientais reativando o garimpo”, disse Sidney Serafim, coordenador da operação do ICMBio na Floresta Nacional de Urupadi, no município de Maués (AM), em entrevista à Reuters diante de uma escavadora em chamas.
Em uma operação de três semanas, os agentes encontraram 20 garimpos e 11 pistas de pouso clandestinas na floresta, além de quilos de mercúrio e milhares de litros de diesel.
O garimpeiro detido Fabio Santos disse que trabalhou na prospecção de ouro no território Munduruku, mais adiante ao longo do rio Tapajós, mas que havia se mudado devido às missões policiais e ao conflito com os indígenas.
– Viemos aqui porque pensamos que seria mais sossegado. Lá na terra dos Munduruku a fiscalização é mais forte e o local mais visado. No governo Bolsonaro não destruíam nossas máquinas – afirmou.
– Com este governo as coisas estão indo ladeira abaixo – disse outro garimpeiro, Ramon Marques. – São os minérios que Deus deixou para nós desfrutarmos – acrescentou.
Os dois homens foram soltos na floresta. Apenas o gerente de um dos locais de garimpo, Manuel de Jesus Silva, foi levado para a delegacia em Apuí (AM).
Ele tinha uma loja em um barraco de madeira onde vendia comida enlatada e bebidas alcoólicas para os garimpeiros em troca de gramas de ouro, e tinha uma mesa de sinuca do lado de fora para eles jogarem.
– Eu costumava ganhar 200 gramas por mês, mas nos últimos dois meses recebi apenas 100 gramas – reclamou Silva.
Com informações do UOL.