Cappelli, número 2 da Justiça, afirma que empresas não conseguem trabalhar em municípios do Rio devido à extorsão do crime organizado

A denúncia do prefeito Eduardo Paes, de que o crime organizado está exigindo R$ 500 mil para que as obras do Parque Piedade possam continuar, não é um caso isolado. Quem afirma é o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli. Segundo o secretário (número 2 da pasta), várias prefeituras no Estado do Rio têm relatado o mesmo problema.

— Alguns prefeitos do Rio me procuraram dizendo que não podem colocar placa de obra informando os valores. Eles explicaram que, quando fazem isso, a milícia obriga as empreiteiras a pagar taxas abusivas. Quando elas se recusam, eles (os criminosos) mandam roubar o material da obra e fazem ameaça de vida aos funcionários. Isso que aconteceu ontem não é um caso isolado. Tivemos há dois meses um grande encontro com empreiteiras na Firjan. As empreiteiras disseram que não conseguem trabalhar no Rio de Janeiro porque o poder paralelo cobra taxas exorbitantes. Isso é um absurdo — afirmou o secretário ao Globo.

Cappelli ressaltou que a Polícia Federal tem atuado para desarticular a ação de grupos criminosos no estado e defendeu uma interação das policias.

— A Policia Federal tem movido esforços para combater às milícias no estado do Rio. Mas as policias civil e militar precisam agir também. Precisa ser feito um trabalho em conjunto — defendeu Cappelli.

Na manhã desta quarta-feira (10), ao menos dez homens trabalhavam nas obras de construção do Parque Piedade, na Zona Norte. O clima na região era de medo. Moradores que preferiram não se identificar, afirmam que traficantes da maior facção do Rio têm feito ameaças sobre cobranças de taxas por servidos de TV a cabo e Internet. Uma das principais linhas de investigação da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) aponta que as cobranças estariam partindo de criminosos do Morro do Dezoito.

— Ano passado a síndica do nosso prédio foi ameaçada. Os bandidos queriam que os moradores passassem a pagar uma taxa de R$50. A gente fica com medo. Por se tratar de uma ameaça não sabemos se eles vão ou não fazer algo com a gente. Só nos resta obedecer — lamentou uma moradora.

O comércio no entorno da rua Elias da Silva, onde acontece as obras, está abandonado. Ainda de acordo com quem mora e trabalha na região, desde o fechamento do antigo prédio da Faculdade Gama Filho a região ficou sem assistência.

— Aqui ocorre muito assalto. Raramente vemos uma viatura da Polícia. Não fiquei supresa quando vi que os bandidos estavam cobrando R$ 500 mil da prefeitura. Do jeito que o bairro está abandonado mais cedo ou mais tarde o poder paralelo ia tomar conta mesmo — lamentou outra moradora.

Com informações de O Globo

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