Braskem, que afunda Maceió, tem ficha corrida de pagar bilhões em corrupção: por Claudio Tognolli

Maceió está colapsando ao afundamento.

O problema em torno do afundamento na região em que estão localizadas 35 minas de sal-gema da Braskem só veio à tona em março de 2018, quando um forte tremor atingiu a área.

O risco iminente de formação de crateras levou à saída emergencial de cerca de 55 mil pessoas da área. O problema, constatado por órgãos da esfera municipal, estadual e federal, se relaciona a minas de sal-gema da petroquímica Braskem exploradas no subsolo da área urbana da capital do estado.

O sal-gema é retirado de rochas a cerca de mil metros da superfície. Ele pode ser utilizado normalmente na cozinha, mas seu uso é importante em vários processos industriais, como na produção de PVC e soda cáustica.

Pergunta que não quer calar: a Braskem tem DNA ligado à lisura? Não!!!!! Pergunta que não quer calar: quantas autoridades a Braskem comprou em Maceió para poder ultrapassar o sinal vermelho sem amargar dissabores? As autoridades responderão.

Vejamos um extrato do DNA da Braskem:

Documentos revelados pelo Departamento de Justiça  (DOJ) dos Estados Unidos mostram que a Odebrecht e a Braskem pagaram mais US$ 1,03 bilhão, equivalentes a R$ 3,46 bilhões, em propina em projetos espalhados pelo Brasil e outros 11 países, entre 2001 e 2016. Do total, aproximadamente R$ 2 bilhões foram repassados a partidos, a políticos e a servidores públicos em território nacional. A revelação dos valores ocorreu no mesmo dia da divulgação da assinatura de acordos de leniência, espécie de delação premiada para empresas, com a empreiteira e com a Braskem, braço petroquímico da Odebrecht em sociedade com Petrobras. As companhias terão de arcar com multas de R$ 6,9 bilhões, o maior valor já acordado mundialmente, entre o Ministério Público brasileiro, o MP na Suíça e o DOJ.

De acordo com os americanos, somente a Odebrecht repassou US$ 788 milhões (R$ 2,6 bilhões) em propina. No Brasil, a empresa pagou US$ 349 milhões (R$ 1,6 bilhão) a partidos políticos e a servidores públicos. Em troca, a construtora lucrou mais de US$ 1,9 bilhão. A empreiteira também pagou cerca de US$ 439 milhões para partidos, políticos e servidores em Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. O esquema rendeu mais de US$ 1,4 bilhão para a Odebrecht. Já a Braskem promoveu pagamentos no valor de US$ 250 milhões — R$ 835 milhões, em valores atualizados pela cotação de ontem.

Os documentos fornecidos pelo DOJ detalham como funcionava o esquema de corrupção, que envolvia fraude e suborno pelo mundo. A Odebrecht tinha atuação em 27 países, inclusive nos Estados Unidos. O controle e os repasses eram feitos pela Divisão de Operações Estruturadas, criada para gerenciar os pagamentos ilegais, chamado de bribe departament ou “departamento do suborno”, pelos americanos.

Segundo o documento, a Smith & Nash Engineering Company, uma empresa baseada nas Ilhas Virgens Britânicas, foi estabelecida e gerenciada do Departamento de Operações Estruturadas. A S&N abriu pelo menos uma conta offshore em nome da Odebrecht. Dessa forma, a empreiteira transferia dinheiro de bancos sediados em Nova York, por exemplo. A grana era, então, usada para pagar a propina.

“A S&N foi usada pela Odebrecht para promover o esquema de propina e ocultar e disfarçar pagamentos indevidos feitos a funcionários estrangeiros e partidos políticos estrangeiros em vários países”, descreve o documento. O esquema feito com a S&N foi repetido com outras empresas, como a Arcadex Corporation, incorporada em Belize, e a Golac Projects and Construction Corporation, nas Ilhas Virgens Britânicas.

O esquema e a distribuição eram controlados por executivos de alto escalão na construtora. Funcionários da Odebrecht, que trabalhavam no departamento destinado aos pagamentos ilegais, operavam de Miami, na Flórida, em encontros e no pagamento das propinas. Um executivo da área internacional era o responsável por aprovar os pagamentos ilegais a oficiais e partidos políticos fora do Brasil.

No exterior, os repasses eram feitos para assegurar a continuidade de contratos, por exemplo. Para Angola, cita o documento, foram pagos mais de US$ 50 milhões. A empreiteira se beneficiou com aproximadamente US$ 261,7 milhões. Para a Colômbia, foram mais de US$ 11 milhões, e se beneficiou com mais de US$ 50 milhões.

A propina era justificada com taxas coletadas pelas subsidiárias. O pagamento era feito por meio de operadores financeiros e doleiros. Usavam também bancos em países pequenos. A construtora fazia pagamentos elevados às instituições bancárias e pagava propina para executivos de bancos.

A Braskem foi citada em depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo os quais a empresa teria pago propina para obter vantagens de preços em contratos com a Petrobras. 

A Petrobras informou que recebeu da empresa petroquímica Braskem, braço do grupo Odebrecht, o valor aproximado de R$ 265 milhões, resultado do acordo de leniência firmado com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU).  A Brasken é investigada no âmbito da Operação Lava Jato.

A Braskem já devolveu R$ 564 milhões à Petrobras. Desse total, R$ 363 milhões foram pagos no dia 7 de dezembro de 2017 e R$ 201 milhões em 8 de agosto de 2018. Nesse caso, foi em consequência de acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF). Até agora, as devoluções da Braskem somam aproximadamente R$ 828 milhões.

Pelo acordo de leniência firmado, a Braskem pagou 2,87 bilhões de reais.

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