O presidente Lula (PT) publicou nesta segunda-feira (8) no The Washington Post um artigo sobre a intentona golpista bolsonarista de 8 de janeiro de 2023, que está completando um ano. Ele classifica o episódio como “o ápice de um longo processo promovido por líderes políticos extremistas para desacreditar a democracia em benefício próprio”.
“O sistema eleitoral brasileiro, internacionalmente reconhecido por sua integridade, foi questionado por aqueles que foram eleitos por meio desse mesmo sistema. Sem evidências, reclamaram sobre a urna eletrônica brasileira, assim como os negadores de eleições nos Estados Unidos reclamaram sobre a votação pelo correio. O objetivo dessas falsas reclamações era desqualificar a democracia para perpetuar o poder de maneira autocrática. Mas a democracia brasileira prevaleceu — e emergiu mais forte”, afirma o presidente.
Mais à frente, Lula destaca a desigualdade e a pobreza como os principais fatores de ascensão do extremismo e da polarização política. “Um governo que melhora as vidas é a melhor resposta que temos para os extremistas que atacam a democracia. (…) Nas últimas décadas, um modelo de desenvolvimento econômico excludente concentrou renda, fomentou frustração, limitou os direitos dos trabalhadores e alimentou a desconfiança nas instituições públicas. A desigualdade serve como terreno fértil para o extremismo e a polarização política. Quando a democracia falha em proporcionar o bem-estar do povo, os extremistas buscam desacreditar o processo político e promover a descrença nas instituições”.
Ele também cita o papel das redes sociais no processo de destruição da democracia: “as fontes de notícias das pessoas e as interações sociais são mediadas por aplicativos digitais projetados para o lucro, não para a convivência democrática. O modelo de negócios das Big Tech, que prioriza o envolvimento e a busca de atenção, promove conteúdo inflamatório e fortalece o discurso extremista, favorecendo forças antidemocráticas que operam em redes coordenadas internacionalmente”.
“Fortalecer a democracia depende da capacidade dos Estados não apenas de enfrentar desigualdades estruturais e promover o bem-estar da população, mas também de enfrentar os fatores que alimentam o extremismo violento”, conclui o presidente.