O Antagonista: os patrocínios de Joesley Batista na Globo e na Band

Alvo da hoje extinta Lava Jato, a JBS está por toda parte, inclusive em emissoras de TV com entretenimento e noticiário político em sua programação. Entre as principais anunciantes do Big Brother Brasil, da Globo, e do Masterchef, da Band, estão empresas do grupo de Joesley Batista, cliente de Ricardo Lewandowski, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal escolhido por Lula para substituir Flávio Dino no cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública de seu terceiro governo, o quinto do PT.

A Seara, administrada desde 2020 por Wesley Batista Filho, filho de Wesley Batista e sobrinho de Joesley, é uma das três marcas que compraram a maior cota de patrocínio do BBB 2024, no ar desde segunda-feira, 8 de janeiro. O programa, cuja primeira edição em 2002 atingiu 41,1 pontos de média de audiência na Grande São Paulo, estreou a nova temporada com 22 pontos, cada um equivalente a 207 mil indivíduos.

Assim como Mercado Livre e Stone, a Seara adquiriu a Cota Big, correspondente a 114,4 milhões de reais de investimento, segundo o portal Meio & Mensagem. Esse tipo de aporte permite, por exemplo, que a empresa da família Batista estampe suas marcas em provas como a “Batalha de Sabores”, um jogo inspirado em batalha naval que promoveu no BBB 2023 sua mortadela duplamente defumada.

Na edição de 2022, o grupo de Joesley foi o maior patrocinador do reality show, somando 173,1 milhões de reais de investimento, por meio de sua empresa PicPay e das marcas Seara e Doriana, ambas da JBS. A imprensa especializada nos bastidores do mercado televisivo registra, a cada ano, o aumento progressivo dos aportes da JBS no BBB.

Não é muito diferente no Masterchef. A Seara será novamente patrocinadora master do reality show de gastronomia da Band em 2024, ficando ao lado de Cacau Show, Eisenbahn, Italac e Royal Prestige. Este é o quarto ano em que a marca da JBS figura entre os patrocinadores do programa. A Delícia, outra marca do grupo dos irmãos Batista, também já anunciou no reality, que rendeu 20 temporadas desde 2014, praticamente duas por ano. O recorde de audiência se deu em 2015, na segunda edição, com 7,2 pontos. O maior patrocinador da nova temporada é o Pão de Açúcar, que adquiriu a cota Mercado. Mas outro programa gastronômico da emissora, Minha Receita, também contou com o patrocínio master da Seara desde a sua estreia em 2020.

Joesley Batista, personagem central de um dos maiores escândalos de suborno da história do Brasil, entende de escambo e estratégia.

Em seu quadro de advogados, o empresário tem Roberta Rangel, a esposa de Dias Toffoli, ministro do STF que acabou suspendendo a multa de 10,3 bilhões de reais da J&F, a holding controladora da JBS.

Joesley ainda contratou Lewandowski como parecerista, por 800 mil reais iniciais, duas semanas após ele ter se aposentado do Supremo, onde evitou que o empresário tivesse de desembolsar 670 milhões de reais em ressarcimento por irregularidades apontadas na compra de ações do frigorífico Bertin pelo BNDES, realizada em 2008, durante o segundo governo Lula. Já o terceiro governo Lula, em seu primeiro ano, facilitou a vida do cliente de Lewandowski, liberando outra empresa de Joesley, a Âmbar, braço de energia da J&F Investimentos, a comprar energia elétrica da Venezuela.

Todas essas conexões e decisões renderam, por exemplo, o artigo “O eixo Lula-Joesley-Lewandowski”, em O Antagonista, e a reportagem de capa, “De volta para o passado”, da Crusoé, neste momento pós-Lava Jato em que os irmãos Batista se aproveitam da vingança do sistema contra a força-tarefa anticorrupção, buscam lavar sua imagem e retomar articulações e negócios com o poder público, além da iniciativa privada.

error: Content is protected !!