O advogado Paulo Cunha Bueno, que defende Jair Bolsonaro (PL), afirmou que seu cliente “vai exercer o direito de ficar calado” no depoimento que deverá prestar à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3). A previsão inicial era de que a oitiva fosse realizada às 10h, mas foi adiada em função dos mandados no âmbito da Operação Vanire ainda estarem sendo cumpridos pela PF.
Bolsonaro foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no âmbito da Operação Venire, que investiga a atuação de um grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. De acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Cunha Bueno disse que o ex-mandatário “está sendo ‘coagido a ficar quieto’” pelo “absurdo” de a Polícia Federal executar uma ordem de busca e apreensão na casa dele às 7h e, na sequência, marcar um depoimento para horas depois, “sem que os advogados tenham tido acesso aos autos”.
“Eu sou um advogado que raramente orienta um cliente a fazer uso do direito que todos têm ao silêncio”, disse. “Mas querer botar calor, não deixar que a defesa conheça os autos antes de a pessoa depor, não nos deixa outra opção”, completou em seguida. Ainda segundo o advogado, os fatos investigados pela Operação Venire não seriam contemporâneos, como exige a lei para que uma ação de busca e apreensão seja realizada.
A Operação Venire cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão. Entre os presos estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, o policial militar Max Guilherme e o militar do Exército Sérgio Cordeiro, seguranças que atuaram durante o mandato de Bolsonaro e que também o acompanharam aos Estados Unidos, quando ele deixou o país dois dias antes do término do mandato.