Celso Lungaretti LINCHADORES DO CUCA UTILIZARAM A FERRAMENTADE TRABALHO DO BOLSONARISMO: O ÓDIO

LINCHADORES DO CUCA UTILIZARAM A FERRAMENTADE TRABALHO DO BOLSONARISMO: O ÓDIO

Jornalistas acreditavam que a torcida corinthiana os acompanharia na sua sanha rancorosa…

O linchamento moral do cidadão Alexi Stival foi um dos capítulos mais deprimentes de arrogância e autoritarismo por parte de jornalistas brasileiros que se pretendem de esquerda mas tornam nossa causa odiosa aos olhos do cidadão comum ao reproduzirem a truculência, o espírito vingativo e o desprezo pelas normas e práticas da civilização que caracterizam a atuação da extrema-direita. Ficou difícil distingui-los das milícias virtuais do bolsonarismo.
Inconformados com o fato de o treinador Cuca não ter cumprido uma condenação de 15 meses da Justiça suíça, referente a um episódio de 35 anos atrás, definitivamente prescrita tanto naquele país quanto no Brasil, eles armaram um verdadeiro rolo compressor de textos tendenciosos, manipulatórios e unidimensionais, satanizando impiedosamente sua vítima sob o pretexto de ela nunca haver ajoelhado no milho da humilhação pública. 
Ou seja, a sentença da corte de Berna deixou de existir e os autos do extinto processo só poderão ser dados a público no final deste século, por força dos 110 anos de segredo de Justiça que sobre eles incidem. Mas isto não impediu o uso e abuso de elementos do processo com finalidade panfletária.

…mas a postura oposta dos jogadores frustrou tal intento. 

Caso de um exame de sêmen realizado para fins forenses e talvez vazado pela imprensa suíça na época (o 

talvez se deve a que nada realmente garante que o resultado da perícia tenha sido mesmo o alegado, pois nenhuma troca de mensagens com a burocracia de uma corte 

valida uma reportagem jornalística).

Como Cuca poderia defender-se, tanto tempo depois, de um mero relato de imprensa referente àquilo que era uma peça do processo cujo conhecimento público estava e está vedado? Isto Freud não explica, só Kafka…
Enfim, como a reportagem em questão não poderia ter-se baseado na leitura e cópia desses autos, pois nunca estiveram disponíveis para a imprensa, tal reportagem nem de longe serve como prova válida para destruir a reputação de um ser humano, ainda mais depois de uma eternidade. Mas, as boas práticas jornalísticas foram atropeladas pelos caçadores de escalpos, em sua sanha para venderem vingança como justiça.
De quebra, os justiçadores armados de teclados pisaram em milênios de evolução da humanidade, desde os rudes tempos do 

olho por olho, dente por dente. Justiça voltou a ser igualada a castigo, uma mera intimidação de quem possa ser tentado a cometer delitos semelhantes, não levando em conta se o autor de um ato reprovável continua representando perigo para a sociedade ou há décadas deu outro rumo à sua vida. 

Vida longa ao punitivismo…
Também nisto os vingadores se igualaram aos bolsonaristas e a todos os fanáticos que querem fazer o mundo retroceder séculos na escala da civilização, voltando ao pré-iluminismo.

Massacrado e privado do direito de exercer seu ofício

O mais patético de tudo é que, enquanto faziam o mundo desabar sobre Cuca, tais jornalistas nem sequer cogitaram lançar idêntica 

cruzada redentora contra o pior exterminador de brasileiros de todos os tempos, responsável pela sabotagem de vacinação que causou a morte de algo entre 350 mil e 400 mil pessoas que, de outra forma, teriam sobrevivido à pandemia de covid. O motivo: evitar o que parece ser uma pizza já acordada entre os poderosos, no sentido de que ele, de imediato, seja punido apenas com a inelegibilidade e as dezenas de gravíssimos crimes não especificamente eleitorais que cometeu tramitem com a lerdeza habitual da Justiça brasileira, acabando por prescrever. 
Quem se dispusesse a lançar tal campanha, expondo-se às retaliações dos bárbaros, precisaria ter muita coragem. Já o apedrejamento do Cuca só ameaçava infligir danos (físicos, psicológicos, profissionais e morais) ao treinador e sua família. Vai daí que os patrulheiros do passado esquecido não mostraram a menor preocupação com o sofrimento por eles causado no presente.
Para concluir: não precisamos de ilusões compensatórias para o que ficou mal resolvido em priscas eras, mas sim de uma transformação em profundidade da sociedade brasileira, hoje e agora!
Neste sentido, temos de somar e não dividir, oferecendo aos explorados e injustiçados a perspectiva de uma existência na qual a prioridade máxima seja a felicidade dos seres humanos, não a realização do lucro e a conquista/manutenção de privilégios.
O ódio é a ferramenta de trabalho dos nossos piores inimigos. Não nos serve, nem os deveríamos imitar. Jamais! 

(por Celso Lungaretti)

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