Netanyahu quer ligar a Índia a Europa, passando por Israel. É apoiado nisso, subreptciamente, pelos EUA, que querem combater a nova rota da seda anunciada há tempos por Xi Jinping.
Em setembro, Bashar Al Assad assinou acordo de cooperação com a China, pondo assim a Síria como parceira na nova rota da seda. Proposta por Xi Jinping em 2013, a nova rota vai ter acesso direto ao mar Mediterrâneo através de portos no litoral da Síria.
Lembremos de outro fator: há alguns anos, os europeus realizaram uma pesquisa geológica na porção leste do mar Mediterrâneo, encontrando então uma enorme bacia de gás natural na região, apelidada de Leviatã. Essa bacia essa bacia se situa nas zonas econômicas marítimas de Israel e da Palestina ( Faixa de Gaza), além da Síria e do Líbano.
Netanyahu sabe que se fulminar de vez o Hamas, terá a bacia só para si. Sendo figadal aliado dos EUA, Netanyahu assim fulminaria os planos econômicos expansionistas da Rússia.
Vislumbramos assim o caráter econômico por detrás dos novos conflitos no Oriente Médio.
Isso obviamente não é novo. Quando do desembarque aliado no Norte da África, em 1942, e quando da derrota nazista em Stalingrado, em 1943, os EUA tiveram a produção industrial a crescer em 60%. O PIB do país cresceu também em 90%. O desemprego caiu para 500 mil pessoas. Em 1946, pós-détente, a produção industrial dos EUA caiu em 30%. O desemprego subiu para 2,7 milhões e apontava para 8 milhões com o desmanche das forças armadas. Quem diz é Gabriel Kolko ( The Politics of Ward, Random House, Nova York, 1976).
Mas a análise vai além disso. Vejamos a obra Le bonheur economique, de Francois-Xavier Chevallier (Albin Michel, 1998, Paris). Ele nos conta coisas nada animadoras, com base nas teorias dos ” Ciclos” do economista russo Kondratieff. Para o economista, avanço tecnológico e redução de tempo de produção resultam em guerras para lastrear a produção encalhada pela redução de seu tempo de produção. A Revolução Industrial teria gerado, a partir de 1783, e seguindo o economista, o crack na Bolsa de Londres e a Revolução de 1830. A introdução da química do ferro, a partir de 1837, gerou, nessa teoria, a Revolução de 1848, a Guerra de Secessão nos EUA, o crack de Viena, a Independência do Brasil. A química pesada, no início do século, teria gerado a Primeira Guerra Mundial, o crack de 1929 em Nova York e a Revolução de 1930, no Brasil. O fordismo e taylorismo, a Segunda Guerra Mundial. A crise do petróleo, em 1973, teria potencializado a Guerra do Vietnã.
Ainda nessa ótica, a tecnologia informática e a bioquímica teriam gerado o fim da URSS, as guerras localizadas, como o Kosovo, e o crack das economias do Terceiro Mundo. E sobretudo: a guerra que vemos hoje.
Se crermos nesses ciclos Kondratieff (curtos, a cada 30 anos, longos, a cada 50 ou 70 anos), uma razão insuspeitada e não declarada, tanto pelos líderes como pela mídia, estaria por detrás da guerra contra o terror: o desencalhe da produção.
Vamos lembrar dos acordos deBretton Woods foram propostas definidas entre os participantes da Conferência Monetária e Financeira Internacional das Nações Unidas e Associadas, realizada entre 1 e 22 de julho de 1944, que elaborou regras para o sistema monetário internacional.
Foi em Bretton Woods que Cordell Sul, o secretário de Estado dos Estados Unidos de 1933 a 1944, vislumbrou que uma luta pelo fim das guerras passaria pela replanificação da ideia de que guerra melhora a economia. Hull referia que “Comércio sem obstáculos associado com paz; altas tarifas, barreiras comerciais e competição econômica injusta, com guerra… se conseguíssemos tornar o comércio mais livre… mais livre no sentido de menos discriminações e obstruções… de tal modo que um país não ficaria mortalmente invejoso de outro e os padrões de vida de todos os países pudessem crescer, eliminando com isso a insatisfação econômica que alimenta a guerra, teríamos uma chance razoável de paz durável”.
Tudo isso do bom-mocismo de Hulk foi enterrado: a máquina econômica requer a guerra no Oriente Médio como seu carnegão alimentador…