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A quatro dias do primeiro aniversário dos ataques às sedes dos Três Poderes na capital do país, um protocolo de segurança entre o Executivo brasileiro e o governo do Distrito Federal foi assinado nesta quinta-feira (4), prevendo planejamento e prioridades de atuação de cada órgão na próxima segunda-feira (8), em Brasília.
Mais de 2 mil policiais militares do Distrito Federal farão o patrulhamento ostensivo na capital federal, número quase quatro vezes superior ao do último dia 8 de janeiro (580 PMs), quando milhares de pessoas depredaram diversas dependências, principalmente as do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), para protestar contra o resultado da eleição que definiu o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como chefe do Executivo brasileiro.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Políticas da América Latina (Inscrim), professor José Ricardo Bandeira, comenta que as medidas de segurança que estão sendo adotadas no Distrito Federal “são muito assertivas e necessárias” para evitar o ocorrido em 8 de janeiro do ano passado.
“A criação desse plano de ação integrada, que une governo federal, governo distrital e todas as forças de segurança que operam no Distrito Federal, compondo um único e coeso plano, é muito importante”, declara ele. “Marca também uma nova fase nas relações estremecidas entre governo federal, distrital e os diversos órgãos que compõem o Legislativo, o Executivo e o Judiciário do Brasil.”
De acordo com o ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, que participou da assinatura, embora não haja risco iminente de violência na data, a segurança é preventiva para garantir a normalidade da cerimônia no Congresso Nacional, em prol da democracia, proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“[O 8 de janeiro de 2023] não vai se repetir. Não vai se repetir em razão desse trabalho que temos feito de inteligência”, afirmou Cappelli durante a assinatura.
O evento deve contar com a presença dos presidentes do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de governadores, parlamentares, representantes da sociedade civil, ministros e representantes dos tribunais de Justiça e assembleias legislativas.
Bandeira argumenta, porém, que não adianta ter um plano de ações integradas, sistemas de monitoramento, de tecnologia, barreiras perimetrais, “se os agentes públicos envolvidos também não estiverem de acordo com o que está acontecendo”.
“Grande parte dos agentes públicos ligados à segurança pública ainda estão impregnados com a ideologia de extrema-direita, justamente as pessoas que vão se manifestar nesse dia 8. Então é fundamental que o plano de ação integrada selecione agentes públicos que sejam imparciais, faça também a fiscalização, o monitoramento, o controle desses agentes públicos”, opina o especialista.